(*) Moyara Domingues
Uma história que começou há 40 anos. Foi “joinhadimaisdaconta”! Me arrepio ao pensar em tudo que aconteceu e em momentos tão fascinantes. Para mim, foi um aprendizado de vida. Um privilégio conhecer tanta gente que se fazem presentes na minha vida, até hoje.
Em cada canto de rua nasce um artista cantor, pensador, poeta, repórter e assim vai se delineando por todas as áreas, entre os melhores acordes da vida. Então, nasce Márcio Passos, um “doido varrido”, que faz do pó, o diamante mais lapidado com tudo o que cria e com todos que encontra, sempre com a maior ousadia e com um acreditar ímpar.
Digno de uma visão de águia, percebe em segundos a arte adormecida dentro de nós. Foi exatamente, assim comigo. Ele chegou ao meu trabalho pedindo um xerox. Me observou e, de imediato, me convidou para escrever uma coluna no seu Jornal.
Em poucas palavras e aceleradamente me disse: “te espero na redação, quarta-feira, com a sua coluna escrita em uma lauda. Será uma coluna social, onde você vai falar de pessoas e acontecimentos”.
Saio a pé do Fórum, que na época funcionava na Praça 7 e com o coração acelerado e trêmula, chego à rua Brasília. No portão da Redação, escuto barulho de máquinas de escrever, gargalhadas, discussões eufóricas, cafezinho, correria e quando chego à porta, um silêncio. Olhares e, rapidamente, sou recebida pelo Márcio que diz: “esta é a Moyara filha de Julinho, será a nossa colunista social, com a coluna Moyara Fala.”
Naquele momento, a responsabilidade bateu forte. Afinal, era real. Eu iria escrever para o Jornal A Notícia, uma coluna que teria que ser dinâmica, expressiva, convidativa e que provocasse curiosidades e sorrisos. Para mim, não poderia ser menos do que isso. Seria uma coluna para traduzir emoção e simplicidade de “gente como a gente”.
Fui acolhida e recebida por toda a equipe com muito carinho e uma parceria infinita. Enquanto escrevíamos, uma menina doce, risonha e sapequinha nos rodeava e achava todo aquele movimento o máximo. Para ela, era uma diversão estar ali, entre nós e, rapidamente escuto uma voz: “Maria Cecília deixa o pessoal trabalhar, vem pra dentro”. Era Beth, sua mamãe. Beth também cuidava da gente, dava conselhos e puxava a “orelha” quando necessário.
Duas semanas depois da primeira coluna, Márcio me apresenta um novo nome: “MOYARA CONTA”, que serviu de inspiração para o Sr. Antônio e Dona Aparecida. Me deram a honra de darem o meu nome à sua filha: Moyara Guerra.
Eram tempos difíceis, porém, não impossíveis. Uma luta, às vezes doída. Márcio saía na sua Brasília marrom amarelada, levando as laudas e fotos, para que o Jornal fosse impresso em Valadares. Entre a lua cheia e chuvas torrenciais para que todas as sextas feiras, o jornal estivesse nas bancas e nas casas de seus assinantes.
Márcio tinha uma equipe extraordinária que escrevia com a alma e o coração, carregados por uma filosofia de pensamentos inovadores e ousados. Geravam um jornalismo simples, prático e muito inteligente.
E, MOYARA CONTA, registrou a sua marca no coração das pessoas, contando as suas histórias, realçando as suas alegrias, os seus feitos, as suas vaidades e, principalmente, cuidando da autoestima de cada um que me convidava para estar na sua casa, na sua festa e na sua vida.
Se esta crônica fosse uma fita VHS da história do Jornal A Notícia, eu queria ter o poder de “rebobinar” e rever cada momento. Mas agora aperto o “PLAY” para ver o hoje e com os olhos em lágrimas de orgulho e emoção. Vejo a força das gerações, presente nas mãos da nossa mascote Maria Cecília (Cil), continuando a escrever a história, iniciada pelo seu pai Márcio Passos. Com a mesma vontade de criar, ousar e fazer acontecer o esplêndido Jornal A Notícia, com uma equipe que também escreve com alma, verdade e respeito. 40 anos do Jornal A Notícia: feito para você, com você e por você. Para mim foi e é uma honra fazer parte desta história. A palavra é: GRATIDÃO!
(*) “MOYARA CONTA” nasceu aos 18 anos de Moyara Nair Domingues Ataide, hoje com 58 anos é: filha, irmã, esposa, mamãe, vovó, amiga e feliz.