Nos últimos anos, João Monlevade testemunhou um Legislativo em grande parte “submisso” ao Executivo, com raros momentos de independência e enfrentamento de decisões do governo. No entanto, nesta semana, as manifestações do presidente da Câmara, Fernando Linhares (Podemos), e do vereador Bruno Cabeção (Avante) sinalizam um possível resgate do papel fiscalizador do parlamento municipal.
O posicionamento claro de Linhares ao exigir que a nomeação do novo secretário de Desenvolvimento Econômico seja baseada em critérios técnicos, e não políticos, mostra um posicionamento diferente do Legislativo, como há tempos não se via.
Quando a Câmara se omite ou se dobra a interesses do Executivo, a população pode pagar o preço pela ineficiência e do apadrinhamento dos indicados. Ao longo da história política dos governos, indicações para cargos estratégicos sempre foram alvo de disputas e de negociações entre grupos de interesse. Mas em Monlevade, o governo já chega aos 60 dias sem definições importantes, mantendo apenas interinos, por não escolher quem ocupará, de fato, essas pastas. A cobrança de Bruno Cabeção foi no sentido de uma definição o quanto antes.
O prefeito Laércio Ribeiro (PT) e sua administração agora precisam decidir: vão seguir o caminho tradicional e ceder às nomeações políticas, feitas para agradar aliados e amigos, ou fazer uma escolha técnica para uma pasta estratégica da administração?
Vale lembrar que Monlevade parece que ainda não entendeu o que significa o cancelamento da duplicação da Usina para a cidade. Mais do que nunca, a cidade precisa de uma Secretaria de Desenvolvimento Econômico forte para alavancar um plano de diversificação da economia local. Mais do que nunca, a competência administrativa deve prevalecer sobre arranjos partidários e interesses particulares.
A cobrança por mais transparência e responsabilidade do Executivo é um direito — e um dever — da Câmara Municipal. No entanto, a fala do presidente da Câmara não deve ser vista como oposição ao governo, mas sim como um chamado à realidade.
Mesmo assim, a postura de Fernando Linhares e Bruno Cabeção demonstra que, talvez, estejamos diante de uma nova fase na política monlevadense. Resta agora acompanhar os próximos passos do governo municipal e ver se a mudança de tom no Legislativo será mantida ou se tratará apenas de um episódio isolado.