Diretora da Casa de Cultura diz que entidade não possui orçamento para assumir toda a organização da festa e mantê-la no formato atual

A Câmara Municipal aprovou nessa quarta-feira (11) um anteprojeto de lei que institui a Cavalgada de João Monlevade como um evento gratuito. A proposta partiu do vereador Rael Alves (MDB), e por ela, a Cavalgada terá entrada franca, mesmo com organização privada. Além disso, a proposta diz que, ao menos um terço das barracas de venda de alimentos e bebidas, deve ser reservada a monlevadenses, que não poderão transferi-las.

Na justificativa, Rael Alves argumenta que há cobrança de ingresso para as atrações de maior renome da Cavalgada de João Monlevade, o que impede a participação de parte da sociedade. Dessa forma, o anteprojeto beneficiaria os menos favorecidos.

Ao A Notícia, o parlamentar explicou que, em seu ponto de vista, a Prefeitura de João Monlevade tem condições de assumir a plena gratuidade da festa sem provocar um grande acréscimo no valor investido.

Casa de Cultura diverge

O A Notícia procurou a diretora-presidente da Fundação Casa de Cultura de João Monlevade, Nadja Lírio Furtado, para falar a respeito. Ela argumentou que a instituição não possui orçamento suficiente para assumir toda a organização da festa e mantê-la no formato atual. Na opinião da gestora, a “estatização” comprometeria o calendário de atividades culturais da cidade se não houvesse uma injeção maior de recursos. Ela apontou que o orçamento proposto para a Cavalgada de 2024 quase não foi suficiente para viabilizar a festividade.

Nadja Lírio também pontuou o problema da falta de uma área estruturada e definitiva para a realização de eventos de grande porte. Ela ainda relembrou que, em seu modelo atual, a Cavalgada traz três ou quatro atrações de prestígio nacional, e que o gênero sertanejo costuma ter artistas mais caros e exigir uma estrutura mais sofisticada: “O orçamento para a Cavalgada teria que triplicar, quadruplicar”.

Custos

Em 2024, a Cavalgada de João Monlevade chegou à sua 31ª edição, com o Executivo pagando R$599 mil à 2S2 Business Brasil Eireli para a realização do evento. No entanto, conforme apurado, todo o evento, inclusive sua estrutura, pagamento de artistas e demais custos para a produção ficaram em torno de R$3 milhões.