A Polícia Militar prendeu nessa terça-feira (13), aniversário da Abolição da Escravatura, uma idosa de 81 anos pelo crime de injúria racial no bairro José Elói, em João Monlevade. Por volta das 12h20, diz a síntese da ocorrência, a corporação foi chamada à rua 29 de Junho, e conversou com a dona do imóvel, que está realizando uma obra. Ela contou que a mulher presa iniciou uma discussão por conta dos trabalhos, e passou a insultar o seu pedreiro chamando-o de “preto” e “ladrão”.
A idosa, prossegue a síntese da ocorrência, ainda pegou um tijolo e arremessou contra a dona do imóvel, atingindo-a na mão direita, que teve um pequeno corte. Questionada ao ser presa, ela negou as ofensas ao pedreiro. Todos os envolvidos foram levados à Delegacia de Polícia Civil para as providências exigidas por lei.
Relato da vítima
A dona do imóvel procurou o A Notícia e relatou sua experiência. Segundo ela, que pediu para não ser identificada, o pedreiro contratado estava construindo um muro dentro de sua propriedade, quando a idosa apareceu na divisa, proferindo palavras agressivas e danificando a parede. Quando familiares da dona atacada começaram a filmar, a anciã presa passou a atirar tijolos nos presentes, provocando-lhes ferimentos leves.
De acordo com o relato da proprietária do imóvel, o pedreiro contratado não reagiu às insolências proferidas. Ao ser presa, diz, a suspeita tentou defender-se argumentando que já foi casada com um homem negro. A proprietária conta que a rixa da detida com a família vítima é antiga, provindo da crença da idosa de que seu terreno tenha sido invadido, e que já há um processo em andamento. No entanto, a idosa teria prometido que a família “iria pagar”, e que “não deixaria barato”.
Até a tarde de quarta-feira (14), a mulher permanecia detida no presídio de Timóteo, sendo liberada na tarde desta quinta-feira (15). Conforme a proprietária, o juiz estabeleceu que, ao ser libertada, a idosa não se aproxime nem mantenha contato com os ofendidos, além de demandar que ela comunique suas saídas da comarca por prazo superior a oito dias. Questionada sobre o que sentia com a prisão, a proprietária afirmou: “De justiça feita. Por inúmeras vezes que ela já nos ofendeu e caluniou. Agora ainda a injúria racial…”.
O crime
O crime de injúria racial é equiparado ao de racismo, com pena de reclusão entre dois a cinco anos, além de multa.