Entidade convocou jornalistas e falou do trabalho, além de homenagear parceiros da imprensa

O Serviço Voluntário de Resgate (Sevor) abriu ontem (12) as portas de sua sede para um café com a imprensa do Médio Piracicaba. O presidente da entidade, Renato Carvalho, abordou vários temas do trabalho dos socorristas, falando de forma franca sobre questões delicadas.

Frota

Retomando aquilo que disse em sua posse, em 4 de novembro, Renato Carvalho voltou a chamar a atenção para a idade das ambulâncias do Sevor, que considera muito alta. Segundo ele, o veículo de transporte de passageiros mais novo é de 2018, e o custo de manutenção dos carros é elevado. Por isso, ele clamou por uma renovação da frota: “Veja, nós ficamos com uma ambulância na oficina durante um mês e gastamos R$10 mil. Ela rodou um dia e tornou a apresentar defeito”, contou.

Estacionamento no Hospital

Renato não teve papas na língua para tratar do estacionamento irregular no entorno do Hospital Margarida. Há anos, socorristas reclamam que carros particulares deixados na agora “rua Doutor José Nélson Fagundes” impedem as ambulâncias de manobrarem no exíguo espaço de entrada para emergências. “Lá até existem placas e faixas que proíbem o estacionamento, mas sempre há carros”, disse.

O presidente ainda lamentou a municipalização do espaço, que, em sua visão, tornou mais difícil a solução do problema. “Nós havíamos sugerido que o hospital instalasse uma cancela e cobrasse para estacionar lá dentro. Resolveria o problema das ambulâncias, e ainda geraria uma renda para o hospital”. Em uma reunião, relata, Renato disse abertamente que o fim do problema dependeria de uma decisão do Margarida, que seria impopular a princípio, mas que faria cessar as eventuais queixas em pouco tempo.

Dias atrás, o Secretário de Obras, Ermelindo Hilário Mártis disse ao A Notícia que a Prefeitura estuda medidas a serem implantadas no local em breve, para minimizar o problema, que atrapalha os socorristas há tempos.

Acidentes na estrada

Assumindo a liderança do grupo voluntário pelo terceiro biênio, Renato Carvalho citou estatísticas que mostram que os acidentes de automóvel já não são a maioria das ocorrências atendidas pelo Sevor. Em novembro, houve 179 registros, sendo 155 (86,59%) na cidade e 24 (13,40%) na rodovia. “Se chover, é uma (ocorrência) atrás da outra. Se num dia normal atendemos a oito ocorrências, num dia de chuva são oito apenas na BR, uma atrás da outra”.

Ele aponta para uma mudança do perfil dos chamados: “Há uns dez anos, nós atendíamos a muitos casos de carros que caíam do abismo. Temos uma equipe especializada em técnicas de rapel. Hoje, há mais colisões frontais”. Renato cita alguns dos trechos mais perigosos da estrada: “A gente já sabe. Curva do Boi, Cristo de Bela Vista, Corte de Pedras, Cascata”. Mais uma vez, ele apelou ao bom senso dos motoristas para evitar os acidentes na rodovia: “Muitas vezes, você vê gente seguindo em alta velocidade. Daqui a pouco, está dando seta para entrar no posto e comer pão de queijo”, comenta.

Formação

Renato ainda conduziu os jornalistas por todo o prédio, exibindo cada uma das salas das instalações. O destaque é o Centro de Treinamento, que está sendo construído em regime de mutirão num terreno anexo à sede. O espaço serve para formação e aperfeiçoamento dos socorristas, contemplando vários cenários. Dentro do Centro de Treinamento, está sendo construída uma “casa”, com cômodos propositalmente reduzidos: “Aqui, nós faremos um banheiro. Atendemos a muitas quedas em banheiros, e muitos deles são bem apertados”. Outros cômodos serão pintados de preto e preenchidos com fumaça, para simular um cenário de incêndio.

Desde 2007, em parceria com a Associação Médica de João Monlevade, o Sevor conta com uma espécie de “faculdade interna” para a formação de suas equipes: o Núcleo de Educação em Urgências (NEU). O curso possui 250 horas, com exatamente o mesmo conteúdo do treinamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A preparação, chancelada pelas secretarias de Educação e de Saúde, acontece sempre aos sábados.

Agradecimento

O presidente da entidade voluntária agradeceu à comunidade pelas doações recebidas, e reforçou os pedidos de contribuição para manter e expandir as atividades do grupo. Hoje, o cidadão pode doar através do carnê, das caixas de troco em vários estabelecimentos e dos pedágios solidários, realizados mensalmente na esquina da rua Armando Batista com a avenida Wilson Alvarenga. A instituição também é parceira de Prefeituras, empresas e associações comerciais do Médio Piracicaba.

Sevor

O Serviço Voluntário de Resgate (Sevor) nasceu em 4 de novembro de 2000, a partir da necessidade de atender aos inúmeros acidentes de trânsito ocorridos nas rodovias BR-381 e BR-262. Com o passar dos anos, o grupo se expandiu, conquistando a confiança e o reconhecimento dos moradores do Médio Piracicaba. Em quase um quarto de século, os socorristas voluntários já salvaram dezenas de milhares de vidas, em acidentes automobilísticos, emergências clínicas, quedas de altura, acidentes domésticos e de trabalho, entre muitos outros tipos de ocorrência.

Desde 2019, o grupo conta com uma sede própria, em terreno cedido pela Prefeitura, na avenida Alberto Lima, no bairro Sion. Atualmente, são 74 voluntários atuando, em serviço administrativo ou na “linha de frente” dos atendimentos.

Reconhecimento

Durante o encontro, o presidente do Sevor entregou a cada um dos jornalistas, representantes de vários órgãos de imprensa, incluindo o A Notícia, um troféu de reconhecimento pelo trabalho prestado pelos órgãos de comunicação para a divulgação das atividades do Serviço Voluntário de Resgate.