A Associação Médica de João Monlevade realizou, neste mês, a 35ª edição da Jornada Médica. Com o tema “Repensando a Medicina: a arte de cuidar e inovar”, o evento reuniu profissionais de diversas áreas e debateu os caminhos, desafios e avanços da prática médica no século XXI. Confira a entrevista com a presidente da associação, a médica Anna Beatriz Dutra Valente Costa sobre o evento deste ano:

Dra. Anna Beatriz, como a senhora avalia a importância da Jornada Médica para a classe médica de João Monlevade e região?

A Jornada Médica acontece há 35 anos em João Monlevade e é muito importante para a região porque fortalece os laços sociais entre os médicos e fortalece também o aprendizado. Todo mundo aprende mais um pouco com tudo que tem acontecido em relação à medicina, com os novos diagnósticos, então, a maneira do médico aprender sempre mais um pouco. E não só aprender com as palestras, mas aprender com os colegas também que já têm mais experiência.

Quais foram os principais temas abordados nesta edição da Jornada? Como eles foram escolhidos?

O principal tema abordado foi a palestra magna, como a arte de trabalhar menos e produzir mais. O doutor Carlos Márcio disse o seguinte: a gente trabalha em equipe, quando a gente dialoga com todo mundo, quando a gente delibera poderes para outras pessoas e que a gente trabalha junto, todo mundo se ajuda e o trabalho fica mais fácil e gasta menos tempo.

Quais foram os resultados deste evento tão tradicional?

Foi um dos melhores eventos que a gente fez nesses 35 anos. Os elogios têm sido muitos, tanto pela parte dos médicos, como os não-médicos, como das entidades também de Belo Horizonte, as nossas entidades associativas. E foi muito bom, foi um momento de congraçamento, de aprendizado e de inovação.

A Jornada Médica de João Monlevade é reconhecida como espaço para trocas de saberes e de formação. Neste ano, esses objetivos foram alcançados? Como isso pode ser revertido para a comunidade?

Na realidade, o evento ultrapassou a nossa expectativa, que só na abertura tinham quase 180 pessoas, entre médicos e não médicos, assistindo a palestra do Dr. Carlos, que foi para todos, não foi só uma palestra dirigida aos médicos. E a maneira que isso tem de ser revertido para a comunidade é que nós aprendemos mais, a gente vai poder ser mais rápido no pensamento, com o uso da tecnologia. Então, o benefício é um médico que tem mais saber e mais humanidade para tratar os doentes.

O evento contou com a participação de palestrantes e especialistas de renome. Poderia destacar alguns?

O doutor Gabriel Almeida, nos deu uma palestra sobre o uso da inteligência artificial na medicina. Foi abordado também o cansaço médico por horas exaustivas de trabalho, sobre o Burnout pela doutora Rosângela Ribeiro e pela doutora Eliane Bicalho. Uma palestra muito interessante foi sobre o TEA, da doutora Maria Amin, se está virando uma epidemia ou não. E a palestra do doutor Humberto Batista, que oferece informações sobre os chips da beleza e qual é o impacto disso na nossa sociedade, só para citar alguns.

Como a Jornada abordou as inovações tecnológicas aplicadas à prática médica?

Tivemos o doutor Gabriel Almeida que falou sobre a inteligência artificial e como que ela pode ser aplicada na prática médica, melhorando os diagnósticos, nos ajudando a converter os dados clínicos em diagnóstico, para que a gente possa tratar os casos e pacientes de uma maneira mais adequada.

Quais as principais demandas ou necessidades que a Jornada conseguiu identificar entre os médicos e profissionais de saúde?

Identificamos muitas perguntas em relação às doenças, inclusive, sobre a prevenção do HIV, pelo doutor Marcelo Villameia. Essa também foi outra palestra bastante importante, que é a prevenção, que são as preps, e que nos ajudou a criar um fluxo entre os pacientes da rede pública, da rede privada, ao serviço público de saúde.

A senhora acredita que eventos como a Jornada Médica podem influenciar diretamente na qualidade do atendimento prestado à população? De que forma?

Claro! É para isso que também é feita a jornada, para impactar nesse atendimento, para que o médico possa agir de uma forma mais humana e com mais saber, e criando um fluxo entre os médicos, entre o hospital, entre o posto de saúde, entre rede privada.

Esta foi a 35ª edição da Jornada, um marco importante. Como a senhora vê a evolução do evento ao longo desses anos e quais são as perspectivas para o futuro?

Comentando sobre isso com os colegas, a gente se lembrou de como eram as primeiras jornadas, de como a Associação Médica existe há mais tempo, mas sem esse peso que ela tem hoje. Então, ao longo dos anos, a gente só foi melhorando a qualidade, o nível de palestrantes, o número de pessoas e médicos participantes. Nossa perspectiva para o futuro é que o evento melhore cada vez mais. João Monlevade é uma das poucas cidades do Estado que tem uma jornada médica tão importante e tão abrangente, igual é essa. Esse é o status dado até pela Associação Médica de Minas Gerais, nem é por nós, não. Todos os médicos elogiaram e gostaram muito da jornada desse ano, inclusive várias entidades também nos mandaram mensagens, parabenizando pelo evento, que foi realmente fantástico.

Para encerrar, qual mensagem a senhora gostaria de deixar para os profissionais de saúde e participantes da Jornada Médica de João Monlevade?

Temos que estudar mais. A Associação Médica, a partir de agora, vai criar grupos de estudos também bimestrais entre os médicos de todas as unidades de saúde, rede pública, rede privada e a gente vai começar a discutir casos clínicos. Esperamos que, com isso, a gente tenha uma associação mais fortalecida e os médicos com mais capacidade de atender a população.