Uma ponte entre João Monlevade e Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. É como se pode chamar a parceria musical que se deu no começo deste mês.

O artista monlevadense Wir Caetano tornou-se parceiro do músico e arranjador congolês Donat Munzila. A canção dos dois, em ritmo de zouk (“festa” ou “dança” em língua crioula), muito dançante, deve ser gravada em estúdio este mês.

Munzila é integrante do Trio Brazuka, da cidade italiana de Milão, de que participam também o percussionista baiano Kal dos Santos, de Salvador, e o cantor Toni Júlio, de João Monlevade, que vive na Itália há mais de 30 anos.

Barulho

Na primeira semana de julho, o compositor africano pediu a Toni Júlio para pôr letra em música dele, intitulada “Kelele” (pronuncia-se “kelelê”).

O título é nome de uma vila de Kinshasa, cidade onde Munzila nasceu. A palavra, do suaílle, uma das línguas do país, significa “barulho”.

O cantor monlevadense repassou a demanda ao seu conterrâneo letrista Wir Caetano, que aceitou o convite. Ele tem parcerias com outros músicos, como o baiano Zecrinha, a banda de rock DaPenha e Babilak Bah, estes dois últimos da cena musical de Belo Horizonte.

Para a música do congolês, Wir Caetano escreveu versos como estes: “joguei na língua dela um bem / ela me jogou milongo / beijei o céu que ela tem / ela respondeu: ‘ó, meu bem’ ”. E, no refrão: “kelele kelele kelele / bate na lata, você”. “Milongo” é “remédio” em quimbundo, idioma falado em vários países da África.

 MIGRAÇÕES/MIGRAZIONI

Os dois monlevadenses, Toni Júlio e Wir Caetano, coordenam o Migrações/Migrazioni, projeto que pretende divulgar música autoral na Itália e outros destinos. Shows e gravação de álbum estão nos planos.

Participam do projeto também o compositor Zecrinha, o Trio Brazuka, o violonista italiano Davide Perduca e outros artistas convidados.