João Monlevade viveu um marco cultural com a realização do primeiro Baobá Zumbi, ação inédita que celebrou o primeiro Feriado Municipal da Consciência Negra, no dia 20 de novembro. Promovido pela Fundação Casa de Cultura, o evento reuniu manifestações artísticas, culturais e reflexões sobre a ancestralidade negra, em parceria com o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), as secretarias de Assistência Social, Educação e de Esporte e Lazer, a Associação Monlevadense de Afrodescendentes (Amad) e a Ufop.

A programação destacou apresentações como roda de capoeira com membros da Associação de Capoeira Zumbi dos Palmares (Acazump), Xirê, samba com Dê Lucas Quinteto, apresentação da Associação Cultural Guarda de Congo de João Monlevade, além de uma palestra com o historiador Douglas Aparecido “Douguiníssimo”, que trouxe reflexões sobre as contribuições africanas para a cultura e a ciência brasileiras. No saguão também foi realizada a exposição Memórias e Releituras de África, dos alunos da Escola Estadual Alberto Pereira Lima, orientados pela professora Vanilda Soares Santos. Além disso, todos os presentes também saborearam uma deliciosa feijoada servida pela Amad.

Para a diretora-presidente da Fundação Casa de Cultura, Nadja Lírio Furtado, a iniciativa foi um verdadeiro encontro de cidadania e resistência. “Foi emocionante ver o espaço ocupado de maneira tão rica e significativa. Cada momento trouxe integração, aprendizado e celebração, encerrando com um samba e feijoada que simbolizam a resistência negra”, destacou.

O presidente do Compir, o professor e jornalista Gláucio Santos, enfatizou o caráter transformador da data. “O Baobá de Zumbi foi um momento marcante que reuniu lideranças negras em manifestações culturais e religiosas, como capoeira, samba, congado e um espaço de formação. Foi celebrativo porque destacou a resistência e a luta pela valorização da cultura afro-brasileira e das religiões de matriz africana. Além disso, reforçamos o compromisso de resgatar a memória dos escravizados de João Monlevade, com ações como a inclusão de seus nomes no mural da Praça do Povo. Foi uma celebração de união, reflexão e reconhecimento”, afirmou.

Já a vice-presidente do Compir e membro da Amad, Alexsandra Mara Felipe Fernandes completou: “o primeiro feriado da Consciência Negra em João Monlevade foi um marco histórico, um dia de resistência, reconhecimento e esperança. Mais do que uma celebração, foi um espaço para reafirmar a força do povo negro e refletir sobre as desigualdades ainda existentes, como o racismo estrutural na educação, saúde e mercado de trabalho. Que o espírito do dia 20 de novembro nos inspire a construir um futuro de justiça social e equidade racial”, declarou Alexsandra.

 

Além das festividades, o evento também foi espaço para reflexões sobre o racismo estrutural. Itatiele Aparecida de Oliveira, moradora da cidade e mãe de três filhos, compartilhou sua visão: “sempre ensino aos meus filhos que nossa cultura é extremamente rica, e Minas Gerais reflete essa riqueza. Mostro a eles que, independente da cor, devemos lutar pelos nossos sonhos, e, como negros, muitas vezes precisamos nos esforçar ainda mais. Enfatizo o valor de nossa ancestralidade, nossa fé e a importância de combater o racismo. As celebrações na cidade são significativas, pois trazem nossa tradição e nos mostram que podemos ser representados em qualquer lugar e a qualquer momento”.

Conforme a administração, o Baobá Zumbi foi mais do que uma celebração. Foi um chamado à reflexão e ação coletiva. Com uma programação rica e inclusiva, o evento reafirmou o compromisso de João Monlevade em valorizar a cultura afro-brasileira e promover a igualdade racial.