As piadas são, frequentemente, situações adversas pelas quais alguém passa, como um susto ou queda cinematográfica decorrente de distração; resposta ou reação estranha, por ato falho, a uma pergunta, por exemplo. Muitas vezes a anedota serve como alerta aos incautos para que não repitam os atos ou falas que culminaram na situação causadora de risos ou deboche.
Por outro lado, cenas que protagonizamos em razão de força maior ou condição que independa da vontade, podem gerar um leque de reações, desde apoio até as gargalhadas burlescas ou simples indiferença. É da natureza humana essa diversidade de reações diante dos inúmeros estímulos externos. O que muda é o nível de empatia e educação de cada pessoa.
O andar irregular de uma PcD, idoso, doente, acidentado; os espasmos, ou tique nervoso, provocados por estresse, ansiedade e cansaço; entre outros, pode parecer ridículo a uma criança, no entanto para um adulto, tal situação tem outra conotação, totalmente diferente. Bom senso e cidadania se coadunam no respeito àqueles que, em determinadas ocasiões, poderiam ser quaisquer de nós ou dos nossos. Isso é regra básica de convivência social.
Há condições tão negativas que afetam algumas pessoas, não provocadas nem buscadas por elas e que, ainda assim, causam danos diversos, podendo ser momentâneos, como uma fratura acidental; ou para a vida inteira, como a sequela de Poliomielite. É bem verdade, no entanto, que alguns desses traumáticos problemas podem ser evitados com mais de atenção, no caso de certos acidentes; ou com imunização por vacinas, no caso de algumas doenças, como a poliomielite. E esse mal, a conhecida paralisia infantil, encerra em si outro problema, adicional à deficiência visível. É a consequência do sobre-esforço a que a pessoa acometida pela pólio fica submetida durante sua existência e que podem ser bem danosos.
A maioria das sequelas de poliomielite consolida a fragilidade dos membros inferiores. De início, para atender as demandas do corpo, que as pernas anêmicas não conseguem, a pessoa com tais sequelas usa mãos e braços para suprir essas exigências. A princípio, isso aumenta a musculatura dos membros superiores, como se fosse aplicado esportista fazendo uso contínuo de equipamentos de musculação numa academia. Porém assim como os atletas de alta performance têm um ápice da forma física, aquele momento em que são quase imbatíveis; também os sequelados de pólio, com passar do tempo, se ressentem da redução de sua eficiência em entregar resultados satisfatórios às simples diligências do dia-a-dia, como subir uma escada, transportar copos, pratos, ferramentas manuais, entre outros objetos.
No entanto, suas demandas não param, apesar de o corpo já não conseguir responder à altura. Surgem então, contínuas e fortes dores nos braços, ombros e articulações; o rompimento de tendões; a redução severa da produtividade; o impacto doloroso da inexistência, por enquanto, de reversão ou possibilidade de atenuar esses reveses incapacitantes. E é imprescindível aprender a conviver com isso, buscar qualidade apesar do padecimento. Isso é a Síndrome Pós-Pólio, SPP, a que inúmeras vítimas de poliomielite, paralisia, ficam sujeitas ao longo da vida.