O cumprimento de um mandado de busca e apreensão no gabinete do vereador Rael Alves (MDB) pode complicar a vida do parlamentar, a 15 dias do início da campanha eleitoral. Os policiais civis apreenderam o computador e objetos da assessora dele, Matilde Aparecida Romão, conhecida como Cida Romão. Ela é investigada pela falsificação da assinatura e do carimbo de uma médica para liberar pedidos de exames, sem consentimento ou conhecimento da profissional.
Vale lembrar que Helbert Henrique Santos Ignácio, o Tibel, assessor do vereador Tonhão (PDT), também teve seu nome envolvido no escândalo. Porém, ontem (1), o mandado de busca e a apreensão teve como alvo apenas “Cida” Romão.
Se confirmado o esquema fraudulento, descoberto a cerca de dois meses, muitas perguntas precisarão ser respondidas. Há quanto tempo a prática estaria sendo realizada? Outros profissionais também tiveram seus carimbos e assinaturas falsificados? Quantas pessoas foram atendidas com os procedimentos solicitados fraudulentamente? Quantas foram prejudicadas por terem seus pedidos preteridos em benefício das “privilegiadas”? Qual foi o prejuízo para a administração pública em decorrência dos procedimentos fraudulentos? Em que ela falhou ao dar margem a esses crimes? A prática envolve somente os assessores de dois vereadores?
O vereador Rael Alves, que busca a reeleição, alega inocência e diz que “não tem bola de cristal para saber o que sua assessora faz ou deixa de fazer”. E, no clichê de sempre, disse que não aconselha ninguém a fazer nada de errado. Questionado em ocasiões anteriores, Tonhão também protestou ser inocente. Está certo. Mas quem é (ou são) o(s) maior(es) beneficiado(s) com a liberação de exames para as pessoas? O ganho é dos assessores ou dos parlamentares que os chefiam?
Além da operação policial, deflagrada em virtude de um boletim de ocorrências, cabe à Prefeitura também investigar. Principalmente, saber quantos exames foram liberados a partir da assinatura da médica em questão. Além disso, quantos pedidos de exames a médica assinou de fato e quantos foram em virtude da falsificação. Providências precisam ser tomadas o quanto antes. Essa pode ser apenas a ponta de um iceberg.