É difícil encontrar palavras que não estejam carregadas de indignação diante de um episódio tão lamentável quanto o que veio à tona ontem em João Monlevade. Uma funcionária do Asilo Lar São José, instituição que há décadas acolhe idosos com dignidade, foi indiciada pela Polícia Civil por ter desviado cerca de R$290 mil da entidade — valores que, segundo ela mesma confessou, foram gastos em apostas online.

Não se trata apenas de um crime financeiro, mas de uma traição profunda à confiança de uma comunidade inteira que, com esforço e generosidade, mantém viva essa instituição tão importante em nossa cidade. Além disso, sem fins lucrativos.
O Lar São José não é um simples espaço de acolhimento: é um símbolo de solidariedade, e cuidado, sustentado pelo apoio da população, de voluntários e de parcerias públicas. Ali vivem 33 pessoas que dependem, diariamente, da responsabilidade e da honestidade de quem administra cada centavo recebido.

O mais absurdo de tudo isso não está apenas no valor desviado — quase 300 mil reais, usados no custeio da entidade— mas na alegação da própria autora do crime, que disse apostar para “conseguir mais recursos para o asilo”. Um raciocínio distorcido e que tenta justificar o injustificável. O resultado está aí: o dinheiro sumiu, restaram apenas R$129 na conta da investigada, e uma instituição inteira ficou com o prejuízo. A pergunta é: ela vai devolver os recursos?

É lamentável que, em um país onde tantas entidades filantrópicas lutam diariamente para sobreviver, o que deveria ser um ambiente de confiança e serviço se transforme em vítima de fraudes. Que este episódio sirva de alerta. Para que instituições redobrem seus mecanismos de controle e transparência, para que a Justiça aja com celeridade e firmeza, e para que a sociedade não se cale diante de tamanha ofensa ao bem comum.

O Lar São José é a verdadeira vítima desta história. E a comunidade monlevadense, que sempre esteve ao seu lado, não deve abandoná-lo. Isso, em solidariedade aos idosos que ali residem e em defesa daquilo que realmente importa: a dignidade humana.