O prefeito Laércio Ribeiro (PT) e o vice-prefeito, Fabrício Lopes (Avante), sempre afirmam que há diálogo e respeito com a Câmara, e que essa boa relação é benéfica para a população. Claro que ambos são poderes independentes e devem manter relações institucionais de respeito ao limite de ação de cada parte.
Isso é muito bonito nas falas, mas, na prática, o que se vê não é bem assim. É que a maioria dos parlamentares integra a base do governo. E assim, prevalecem os interesses de cada vereador em atender as suas próprias bases. Afinal, o parlamentar não consegue fazer nada se o Executivo não quiser. Isso facilita a relação de dependência e de troca de favores, não só em Monlevade, mas em todo o país.
O discurso inflamado do líder do governo Belmar Diniz (PT) contra o vereador Gustavo Prandini (PCdoB) trouxe à tona essa relação. Ao dizer que Prandini “foi duas vezes no gabinete do prefeito, pedindo para atender seus eleitores e que tem quatro cargos na Prefeitura”, Belmar expõe o toma-lá-dá-cá entre Executivo e Legislativo. Explicitando, disse que Prandini é tratado “a pão-de-ló pela gestão”, mas votou contra o projeto da Fundação do Parque do Areão.
Diga-se de passagem, esse projeto, no ano passado, foi o único “não” da Câmara às propostas enviadas pelo Executivo. Agora, muitos dos que antes votaram contra o texto votaram favoravelmente. O que os fez mudar de opinião?
Na semana passada, Belmar agradeceu a Elgen Machado, o “Machadão” (liderança partidária que tem nas mãos a maioria dos partidos da base do governo na Câmara), e ao presidente Fernando Linhares (União), pela articulação e aprovação da matéria em primeiro turno. Temos, de fato, uma Câmara e Governo independentes?