Quando surgiu um novo tipo de aposta, chamado então de Loteria Esportiva, no início da década de 1970, muitos brasileiros começaram a perceber que não entendiam tanto assim de futebol; que os prognósticos eram complexos e dependiam de uma enormidade de variáveis. E os leigos nesse assunto avaliaram que poderiam ser contemplados com uma “bolada”, se “adivinhassem” os resultados dos jogos com base em “palpites” de analistas do rádio ou da televisão, de midiáticos videntes ou experientes matemáticos.
O meu pai, homem de inteligência refinada, poeta de coração humilde dizia então: “A gente ganha dinheiro trabalhando, economizando e desenvolvendo a si mesmo. E ainda assim, não há certeza do resultado, porém restará a satisfação do dever cumprido”. Isso bem antes dos escândalos conhecidos como o do “homem da mala preta”, pois afinal, era muito dinheiro em jogo, com o perdão do trocadilho.
Certa feita, quando o prêmio havia se acumulado e pagaria ao vencedor um volume de dinheiro que faria a independência financeira do ganhador e de mais diversas pessoas em seu redor, a minha saudosa mãe resolveu de “fazer uma fezinha”; iria preencher o pequeno formulário emitido pela CEF e também sonhava ganhar o grande prêmio. Curiosos e incrédulos na chance de sucesso, perguntamos a ela o que faria com todos aqueles milhões caso ganhasse. Ela respondeu que mandaria pintar a sala pois a parede estava descascando em alguns pontos… Talvez, se sobrasse, comprar algumas roupas para os filhos que estavam necessitados…
Minha mão não fez os treze pontos. Também não arriscou novos prognósticos ao longo de sua vida.
Assim como o meu saudoso pai, acredito que trabalhar duro, estudar com afinco e evitar gastos desnecessários talvez seja o caminho para a prosperidade financeira. As oportunidades surgem para quem está preparado, com conhecimento e atenção. Mesmo aquelas pessoas que por alguma razão estejam na condição de Pessoas com Deficiência, quase sempre se encontrarão caminhos que levem à independência e algum conforto. Deixar de lutar fixando-se na expectativa de que a sorte os proverá, entristece a vida, frustra sonhos e destrói projetos em seu nascedouro.
Como então ganhar dinheiro? A resposta, a meu ver é estudo, foco, empenho, disposição e fé em si mesmo.
A título de exemplo, alguns historiadores avaliam que os indígenas das Américas, quando viram as caravelas vindas do mar, não tinham a menor noção do que era aquilo. Ou do que era aquele povo estranho, com roupas e jeito diferente. E nem poderiam saber, pois era o seu primeiro contato com a civilização europeia. O conhecimento daqueles que chegavam fez com que conseguissem conquistar e dominar os nativos, extrair e se apoderar de suas riquezas naturais e se instalar definitivamente em seus territórios. Sobreviveram aqueles que se adaptaram ao novo mundo, com suas diversidades, sua cultura e seu modo de vida. Em alguns países, como os EUA, alguns nativos entenderam as mudanças, apropriaram-se do saber e assim, com o domínio do conhecimento, enriqueceram e puderam preservar a memória de seus ancestrais com dignidade.