Nas eleições deste ano, em Nova Era, o Ministério Público apurou uma possibilidade de fraude. Uma candidata do PL teria sido usada como “laranja” no pleito, apenas para compor a cota de gênero. Além dela não receber recursos financeiros, ela sequer fez campanha e recebeu o inexpressivo um voto. Tudo isso, sobre a anuência do presidente do partido.
Caso o resultado da investigação seja acatado pelo juiz eleitoral, dois vereadores eleitos pelo partido não serão diplomados e ficam de fora do Legislativo no próximo mandato. A medida, se confirmada, serve de exemplo para aqueles que tentam burlar a legislação eleitoral.
Interessante destacar que esse é um dos grandes paradoxos do cenário político no Brasil. A discrepância entre a maioria feminina no eleitorado e a sua representatividade na política. Embora as mulheres representem mais de 50% dos eleitores, elas ainda são minoria nos cargos de poder.
Apesar dos avanços conquistados por meio das lutas feministas, o caminho para uma participação política efetiva ainda é cercado por obstáculos. Um exemplo gritante é o uso de candidaturas fictícias ou “laranjas” para fraudar a cota de gênero. Essa medida, que deveria ser um passo importante para garantir a presença feminina na política, nem sempre é respeitada. Em muitas ocasiões, a participação feminina numa chapa de vereadores acaba reduzida apenas ao cumprimento formal de cotas. Isso, porque os partidos não têm o compromisso real com a diversidade de gênero.
É crucial garantir que as mulheres ocupem o seu espaço legítimo no debate político. É fundamental que elas tenham condições de se eleger e participar da elaboração de políticas públicas efetivas. Usar mulheres como candidatas da fachada é uma atrocidade que deve ser combatida e os responsáveis devidamente punidos. Por mais respeito às candidatas, é necessário que as mulheres tenham voz e que essa voz seja ouvida e valorizada.