Em Monlevade, adesão é de 70% dos docentes

A Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), inclusive a unidade de João Monlevade, iniciou ontem (2) um período de greve por tempo indeterminado. De acordo com o comando de greve local, o movimento “marca um momento crucial na luta por valorização dos docentes e melhorias na qualidade do ensino público”.

Conforme o comando de greve local, em João Monlevade, dos 68 professores, 47 aderiram à greve. Nove disseram não e outros 2 estão avaliando que posicionamento adotar. “A adesão à greve não é obrigatória, permitindo aos docentes a liberdade de escolha sobre sua participação no movimento”, informa o grupo.

A decisão, segundo a Associação dos e das Docentes da Uemg (Aduemg), foi tomada em Assembleia Geral na segunda-feira (29). Na ocasião, uma maioria expressiva, composta por 92,2% dos 500 presentes, deliberou pelo início da paralisação. Os docentes alegam intransigência do Governo de Minas em atender às reivindicações da categoria.

Atividades

Apesar da maioria das aulas suspensas em Monlevade, várias atividades estão sendo planejadas pelo comando de greve local.  Está programa uma roda de conversa hoje (3), entre os alunos e os professores na unidade do bairro Santa Bárbara. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) que representa toda a Uemg também está convocando uma assembleia online. Essa reunião definirá de que forma o movimento estudantil apoiará a greve. Em várias unidades, os universitários estão optando pela greve estudantil como forma de apoio à greve docente.

Reivindicações

De acordo com o comando de greve local, os docentes da UEMG não apenas reivindicam melhores condições de trabalho. “É uma luta pela valorização da educação pública e por uma sociedade mais justa e igualitária. Algumas das lutas dos docentes incluem a incorporação de gratificações e ajuda de custo aos salários e o aumento da carga horária docente de 20h para 40h semanais, uma vez que os salários da jornada menor são absurdamente baixos”.

Outra pauta é o regime restrito de Dedicação Exclusiva (DE). “Sem remuneração digna, professores da Uemg precisam se desdobrar em 2 ou 3 outros empregos, o que sobrecarrega a categoria e prejudica os pilares de ensino, pesquisa e extensão da universidade. Só para se ter uma ideia, o salário da Uemg é o segundo mais baixo entre todas as universidades públicas do Brasil”, destaca o comando local.

Demandas

A Aduemg destaca os principais pontos da Campanha Salarial-Educacional de 2024:

1 – Autonomia universitária: O governo Zema não cumpre com o Art. 207 da Constituição Federal, que diz respeito à “autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial” das universidades;

2- Orçamento: o orçamento da Uemg representa apenas 0,4% do Orçamento Geral de Minas Gerais, e no ano de 2023 o governo promoveu vários cortes que impactaram na diminuição e extinção de bolsas para docentes e estudantes;

3 – Acordo de greve: o governo não cumpriu com acordo de greve de 2016, que foi homologado em 2018;

4 – Recomposição salarial: os professores acumulam perdas salariais de 76% nos últimos dez anos, e os docentes das universidades estaduais mineiras possuem a segunda menor remuneração no país entre todas as universidades públicas;

5 – Concurso público: a maioria dos professores da Uemg é contratada através dos PSS, um tipo de vínculo precário. Há professores em regime de PSS que chegam a ministrar mais de 7 disciplinas em cursos diferentes, e a quantidade de professores não é o suficiente para suprir a demanda de todos os cursos;

6 – Licença médica e licença maternidade: os professores não recebem seus salários na integralidade quando estão de licença médica e licença maternidade;

7- Campanha contra o assédio na universidade: o Grupo de Trabalho de Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN irá participar com a divulgação da cartilha “Contra todas as formas de assédio, em defesa dos direitos das mulheres, das/os indígenas, das/os negras/os, e das/os LGBT”;

8 – Técnicos(as)-administrativos: os trabalhadores da Uemg, em sua maioria terceirizados, recebem péssimos salários e um Plano de Carreira digno;

9 – Assistência estudantil: os estudantes sofrem com políticas precárias de assistência estudantil, incluindo a falta de Restaurantes Universitários e Moradias Estudantis, além da falta de contemplação das bolsas;

10 – Lutas gerais: diz-se da participação da Frente Mineira em defesa dos Serviços Públicos; contra as privatizações; contra o Regime de Recuperação Fiscal (RRF); apoio à realização do Plebiscito Popular em defesa das Estatais Mineiras (CEMIG, COPASA, GASMIG e CODEMIG), entre outras.

O governo Zema ainda não se manifestou sobre a paralisação dos professores da universidade.