O prefeito de João Monlevade, Laércio Ribeiro (PT), afirmou, em entrevista exclusiva ao A Notícia, que o Samu e o Corpo de Bombeiros serão implantados ainda este ano na cidade. Ele fala do aniversário de Monlevade e das expectativas para o ano de 2024. O prefeito pondera que a saúde e a limpeza urbana são dois grandes problemas do município e aponta o que está sendo feito para melhorar as áreas. Perguntado sobre a reeleição, ele diz que não é de esquentar a cabeça com política, que está focado em entregar obras e que ainda há tempo para pensar a respeito. Confira.
Como é estar prefeito quando João Monlevade completa 60 anos?
É um orgulho muito grande. Sinto-me alegre e satisfeito. Eu tenho 48 anos de Monlevade, cheguei aqui com menos de 25 anos, criei minha família. A cidade me acolheu. Na minha cidade, a pequena Dores do Indaiá, as pessoas também têm orgulho de eu ter virado prefeito aqui. Eles acham interessante. Eu tenho muito o que agradecer a Monlevade!
Prefeito, em poucas palavras, como o senhor define a cidade?
É uma cidade acolhedora, referência para a região, que tem muito potencial e muito a crescer.
Em sua avaliação, o que está bom em Monlevade? E o que pode melhorar?
Em um governo, tudo tem condição de melhorar. Falamos que nosso compromisso é cuidar das pessoas e estamos cuidando. A saúde melhorou, mas estamos trabalhando para melhorar ainda mais, com ações a médio e longo prazo. Estamos investindo na saúde preventiva, com ampliação do Estratégia Saúde da Família (ESF). Quando assumimos, a cobertura era de 30%. Hoje, é perto de 80%. Mas o ideal é chegar a 100%. Mas reconheço que é preciso mais e continuar contribuindo com o Hospital Margarida. Melhorar a limpeza, resolver problemas de habitação. Precisamos avançar mais no esporte, ter melhores espaços e fazer melhorias no Li Guerra, por exemplo.
E há uma previsão dessas melhorias?
Vamos avançar não só nessas, mas em todas as áreas ainda este ano. Melhoramos as creches, com investimentos em estrutura e qualidade. Aumentamos 500 vagas, mas ainda falta atingir crianças de 0 a 3 anos. Vamos melhorar também o DAE, com obras para aumentar a capacidade de abastecimento nos bairros altos, com novas redes para o Planalto, Estrela Dalva e região, além do Vila Tanque. Também criamos a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Projetos Estratégicos e nomeamos o Thiaguinho (Thiago Henrique dos Santos) como secretário, ele é muito competente e vai alavancar o setor. Também aprovamos um projeto inédito que estrutura a Casa de Cultura para melhorar as realizações.
O senhor está no segundo mandato como prefeito. Qual governo foi melhor na sua opinião? Laércio I ou Laércio II?
Interessante. Os investimentos hoje são muito maiores. Por isso, o governo atual é mais realizador do que o primeiro. Para ter ideia, a receita naquela época era de R$18 milhões. No último ano do primeiro governo, chegou a R$38 milhões. Hoje é quase R$400 milhões, 10 vezes mais… Também recebemos hoje mais apoio político, com emendas e recursos de vários deputados, não só do nosso partido.
E o que o senhor considera como um marco nas suas gestões?
Na primeira gestão, gostaríamos de ter feito muitas coisas. Mas fizemos obras importantes para a cidade, como a melhoria das avenidas Isaac Cassemiro e término da Gentil Bicalho. Asfaltamos a avenida Nova York. Fizemos o Bem-Viver, com grandes programas sociais.
Nesta gestão, nós nos propusemos a cuidar das pessoas. Aumentamos muito as ações sociais. Abrimos mais um Cras. Se alguém passa fome na cidade hoje, é só se nós não tomamos conhecimento. Aumentamos programas de cestas básicas, auxílio para gestantes, implantamos uma grande conquista que foi o desjejum nas escolas Monteiro Lobato e Promorar. Antes, muitas crianças chegavam sem alimentação. Hoje, tomam café antes das aulas. Fizemos investimentos no Distrito Industrial, para também atrair empresas. Hoje, muitas firmas querem vir para Monlevade.
Falando em gestão, esse é o último ano do mandato. O que ainda o seu governo quer fazer por Monlevade?
Queremos fazer muito mais. Tivemos três problemas sérios no mandato: problemas com enchentes, alta da Covid e agora, a epidemia de dengue. Sem dúvida, isso retarda projetos. Mas estamos trabalhando. Teremos avanços no parque do Areão. Vamos ter a ETE Palmares funcionando. Contratamos empresa para cuidar das praças e reforçar a limpeza. Quero uma cidade limpa! Vamos retornar a Casa do Bem Viver, que está em reformas e inaugurar, até o fim do ano, a UBS Antônio Gonçalves.
Por que iniciativas anunciadas em sua gestão, como o Corpo de Bombeiros, o Samu e o Colégio Tiradentes, por exemplo, não se concretizaram?
No projeto do Samu, que é junto com outras cidades, tivemos atrasos. Tivemos que fazer adaptações em propostas para compra de veículos, feita de forma consorciada porque a realidade dos municípios é distinta. Sobre os Bombeiros, tivemos várias reuniões, adaptações e acertos. As duas propostas estão em andamento e o Samu e o Corpo de Bombeiros saem ainda este ano. Sobre o Colégio Tiradentes, ele não veio para nós por conta do Estado. Fizemos a nossa parte, cedemos o prédio. Mas não veio. E aí usamos o espaço para um núcleo da Efigênio Mota (Cemei Louis Ensch) que deu muito certo e está atendendo bem a comunidade, com mais de 200 vagas.
Como médico, o que pode ser feito para minimizar os problemas e as reclamações para atendimento no Hospital Margarida?
O volume de atendimento é muito grande. E o Hospital, como no Pronto Socorro, segue protocolo de Manchester. Aí, muitos reclamam da demora porque os atendimentos são conforme essa classificação. A verdade é que o Hospital ficou pequeno para o tanto de atendimento. Hoje, tem menos leitos do que há 20 anos. As cidades vizinhas, que antes faziam procedimentos simples, pequenas cirurgias, por exemplo, hoje não fazem mais e encaminham pacientes. Hospitais da região faziam partos, hoje não fazem mais. E as pessoas não vão aos postos porque sabem que o Hospital tem mais especialistas e exames. Só que demora e aumenta o volume de atendimento.
Por conta disso, aumentamos nossa rede de postos. Ampliamos horário até às 20h na Policlínica para atender casos de dengue e a procura ao Hospital para esses casos diminuiu. Creio que vamos ter que manter assim. Repassamos R$1,2 milhão todos os meses e vamos aumentar mais R$100 mil para pagamento da enfermagem.
Prefeito, mas as críticas continuam…
Sim. É preciso melhorar o atendimento. Mas as pessoas acham que o hospital é responsabilidade do prefeito e não é. Nós somos parceiros, repassamos recursos, fazemos a nossa parte. Eu vou sempre lá. Todo sábado e domingo eu vou lá. As pessoas me cobram até que o banheiro não está limpo… Cobram que estão demorando a atender… Sei que tem que melhorar o atendimento e estamos ajudando nisso, com repasses. A união do PA e do HM foi positiva. Hoje, não há recursos para pagar uma UPA separado e ajudar o Hospital como ajudamos. A lei nos manda investir 15% do orçamento em saúde. Já investimos 27%.
Então a saúde e a limpeza urbana são os maiores problemas da cidade hoje? E o que está sendo feito para solucioná-los?
Concordo. Estamos reforçando a saúde preventiva com o ESF, mas a curativa também é importante. Estudamos manter os postos abertos até mais tarde e a policlínica aberta nos fins de semana também. Sobre a limpeza, estamos contratando mais pessoas. Tem uma empresa específica para limpeza de praças. Mas peço que as pessoas façam a sua parte. Não joguem lixo nas ruas, coloquem o lixo na hora certa da coleta. Isso também ajuda a deixar a cidade limpa.
Prefeito, com os recentes anúncios para Monlevade, o senhor acredita que o Governo Federal tem olhado para a cidade como deveria?
Sem dúvidas. Monlevade tem ótimo canal com o governo federal. E não só por conta do governo Lula, mas pelos deputados de vários partidos que nos ajudam com emendas, aprovação de projetos. Monlevade ganhou três obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). Isso é muito bom. O Instituto Técnico Federal que virá, não é apenas um ou dois cursos, como já teve no passado. Teremos um campus para até 1.400 estudantes. O projeto é de uma grande área. É um projeto amplo e muito bom para a cidade e região.
Monlevade, em anos, nunca teve uma gestão tão compartilhada quanto essa do senhor, com o vice Fabrício Lopes. Como avalia essa relação?
É uma relação ótima. Não temos dificuldades. Fabrício é meu braço direito. Um grande articulador político, além de uma excelente pessoa. Sempre fomos adversários e essa foi a primeira vez que trabalhamos juntos. Sem dúvidas, grande parte do sucesso do governo é mérito dele. Nunca tivemos atrito e trabalhamos em parceria, com confiança, para o bem de João Monlevade e das pessoas.
E falando nisso, enquanto pré-candidato à reeleição, como avalia o cenário eleitoral deste ano?
Olha, não sou de esquentar a cabeça com disputa política. Hoje, estou preocupado com o término de obras, em executar os planejamentos e governar bem para o monlevadense. Não pensei nas eleições ainda. Isso vai acontecer no tempo certo.
O Brasil nunca esteve tão polarizado quanto agora, entre Direita e Esquerda. Qual sua posição sobre isso?
Sim. E a oposição quer fazer isso o tempo todo. Eu não vejo isso aqui em Monlevade. Temos um governo com vários partidos, gestão compartilhada. Recebemos recursos e indicações de deputados da esquerda, da direita, de todos. Até na Câmara de vereadores, grande parte foi eleita com o nosso grupo, mas votaram em Bolsonaro. Isso não é problema. Continuo atendendo os pedidos e as indicações na medida do possível, numa relação de respeito. Converso com todos.
Que mensagem o senhor deixa para Monlevade nos 60 anos do município?
De minha parte, quero uma Monlevade feliz! Desejo que a cidade continue acolhedora. Que seja igualitária e de respeito com todas as pessoas. Estamos trabalhando e confiantes para diminuir as diferenças sociais. Além disso, investindo para atrair empresas, gerar empregos. Afinal, não existe desenvolvimento social separado do desenvolvimento econômico. O monlevadense é um povo bom, trabalhador. Estamos preparando uma bonita festa de aniversário da cidade, descentralizada e para todos os públicos. A cidade está com boas perspectivas de futuro e nosso compromisso é fazer com que a cada dia, seja uma cidade melhor.