A Literatura tem o poder de transformar o que vemos todos os dias. Assim, nasceu o livro Entre Linhas, Crônicas Histórias e Memórias de João Monlevade, que lanço nesta sexta-feira (13) na Praça do Povo. Este livro é mais do que uma coletânea de textos publicadas na imprensa, muitas no A Notícia, ao longo de duas décadas. Considero-o um testemunho sobre o cotidiano e a identidade cultural de nossa cidade.

O poder da crônica está justamente na arte de capturar o sublime na vida comum. Aprendi com Carlos Drummond de Andrade, grande cronista e poeta itabirano, que passear pelas ruas, praças e memórias das cidades é ser uma espécie de repórter do seu tempo. Drummond ensina que é possível transformar o ordinário, o comum, em algo extraordinário.

Nascida nas redações dos jornais, como um texto entre a notícia e a análise, a crônica tornou-se um gênero textual de linguagem acessível e que permite que os leitores se identifiquem com as narrativas. Muitas vezes, provocando reflexões mais complexas a partir de um fato aparentemente banal: uma flor que nasce na rua, a moça que corre na pista de caminhada, expectativas de um grande baile, um poeta que contempla a cidade, o cabeleireiro que vê a vida cotidiana da porta do seu salão, entre outros casos. Assim, esses pequenos momentos que acontecem todos os dias, mas que muitos ignoram, ganham vida nas páginas de Entre Linhas.

O mais curioso é como essas histórias, embora profundamente conectadas à nossa cidade, dialogam com todos nós. Monlevade é um mundo e, como cantou Raul, cada um de nós é um universo! Afinal, as experiências cotidianas que nos definem, são universais. Em cada esquina de João Monlevade, há uma história que poderia ser minha ou sua. Algumas eu vi. Outras, me contaram. Dessa forma, os textos têm um caráter que partem do pessoal para o coletivo.

Vale destacar também que este livro é um exemplo de que preservar a memória cultural é vital. Vivemos em um país onde a história local é frequentemente esquecida. E, por isso é gratificante e importante registrar fatos, situações e personalidades nas páginas do livro.
Ressalto ainda meu agradecimento ao investimento público, viabilizado graças à Lei Paulo Gustavo, através da Fundação Casa de Cultura e Prefeitura de João Monlevade, Governo Federal e Ministério da Cultura. As políticas públicas culturais são fundamentais para democratizar o acesso à arte e à cultura, promover o desenvolvimento de artistas e valorizar a diversidade cultural de um município.

Em contrapartida pelos recursos recebidos, vou doar exemplares para escolas da cidade e para a Biblioteca Pública Municipal Jornalista Assis Chateaubriand para que mais pessoas, além das que prestigiarem o lançamento, tenham acesso a esse trabalho.
Mais do que um projeto literário, digo que o livro Entre Linhas é uma singela contribuição para compreendermos um pouco mais a identidade monlevadense e o pertencimento de cada um a essa cidade. De certa forma, trata-se de um registro para manter vivas as histórias que moldam quem somos. Além disso, ler é um ato de resistência. E ajudar os leitores a terem acesso a mais livros e histórias é fundamental para nossa cultura. Essa obra é um convite a você, leitor, para mergulhar nas entrelinhas do dia a dia de João Monlevade, essa cidade de todos nós. Boa leitura!