O diretor geral da unidade de Monlevade da ArcelorMittal, Fabiano Cristelli de Andrade, destaca os motivos para comemorar os 89 anos da Usina, celebrados amanhã (31). A unidade recebeu investimentos bilionários para obras de expansão para aumentar sua capacidade de produção. Ele ressalta os programas de entrada, ações para inclusão e reconhecimento internacional da Usina de Monlevade, uma das mais importantes do grupo que produz aços inteligentes para as pessoas e o planeta. Confira:
A ArcelorMittal completa 89 anos em 2024. Quais os motivos para comemorar?
É com muito orgulho que comemoramos as quase nove décadas de atuação em João Monlevade. Não há como dissociar a história da nossa Usina da história do município e dos nossos empregados. Isso é um fato que todos aqui sabem e reconhecem, desde jovens nas escolas. Muitos monlevadenses têm um familiar, de diferentes gerações, que trabalha ou já trabalhou na planta industrial, afinal a cidade de João Monlevade começou a surgir a partir do momento em que esta Usina foi instalada aqui. E essa identificação das pessoas com a empresa foi um dos motivos que levaram ao reconhecimento público da nossa cidade como ´Capital Estadual do Fio-Máquina.
Destaco também a importância socioeconômica. Geramos cerca de mil empregos diretos e vários outros em empresas que trabalham conosco. A receita gerada para o município, por meio dos impostos, bem como a movimentação da economia local e os programas sociais e culturais que desenvolvemos aqui, por meio da Fundação ArcelorMittal, são importantes motivos para comemorar também.
Qual é a importância da Usina de Monlevade dentro do grupo ArcelorMittal?
Um ponto relevante é o aço produzido em Monlevade, na forma de fio-máquina, que está presente no cotidiano das pessoas em todo o Brasil e também no mundo. Somos a única fabricante brasileira de aço utilizado para a produção de cordoalhas aplicadas na fabricação de pneus (steelcord), por exemplo.
Monlevade recebe R$2,5 bilhões do total de R$25 bilhões de investimentos do grupo até 2025, o que configura o maior programa de investimentos da história da siderurgia brasileira. O que esperar desses investimentos?
O projeto, como em todo grande investimento industrial, acompanha o cenário macroeconômico e do setor siderúrgico no país, incluindo as movimentações do mercado, que tem apresentado dificuldades principalmente devido ao impacto da importação de aço no Brasil, notadamente da China. O Laminador 3, que também é parte do projeto de expansão, já está concluído e operando desde 2022, tendo inclusive atingido, no último mês de julho, a marca de um milhão de toneladas produzidas desde o início da sua operação.
O que os jovens do programa I AM Aprendiz e Porta de Entrada podem esperar para o futuro na empresa?
A ArcelorMittal está sempre em busca de pessoas que desejam fazer parte dessa história. Temos reformulado nossas iniciativas de atração de pessoas com um olhar no futuro a ser construído em conjunto com a comunidade, onde todas as pessoas são bem-vindas. Os cursos de capacitação e formação profissional não estão vinculados à oferta de emprego, mas acreditamos que colaboramos fortemente com as pessoas para que elas estejam preparadas para concorrer a vagas futuras tanto na ArcelorMittal como também em outras empresas. Esses programas, ofertados à comunidade, de forma gratuita, são certamente oportunidades para o início de uma trajetória profissional de sucesso. Por exemplo, iniciamos este ano, em parceria com o Senai, um novo ciclo do I AM Aprendiz com 60 jovens, e três turmas do I AM Qualificar, com outras 120 pessoas em cursos técnicos gratuitos.
Quase nove décadas após a sua fundação, como foi a evolução da produção do aço na unidade de Monlevade?
O começo da construção da Usina foi em 1935 e nossa primeira corrida de ferro gusa foi em 1937. A primeira corrida de aço foi em 1938. Na primeira metade do século passado, chegamos a produzir arames e trilhos, entre outros produtos. Em 1948, implantamos a primeira planta de Sinterização da América do Sul, para melhor aproveitamento dos finos de minério, e em 1957 implantamos a primeira Aciaria LD da América Latina.
Essas modernizações, impulsionadas pelas oportunidades de mercado da época, fizeram com que a empresa estrategicamente direcionasse o negócio da unidade de Monlevade para a produção de fio-máquina, se especializando em aços de alta qualidade para aplicações industriais. Isso se deu na década de 1970 e seguimos até os dias atuais dentro desta estratégia, produzindo fio-máquina para dezenas de aplicações, entre elas o steel cord, em que somos referência nacional. Mas o processo de melhoria e inovação é constante.
Em 1999 inauguramos um novo alto-forno, em substituição a cinco pequenos fornos antigos. Em 2022 iniciamos a operação do terceiro laminador da unidade, que produz fio-máquina com qualidade superior. E assim seguimos atentos às oportunidades de mercado, tecnologia para manter a Usina cada vez mais competitiva, mesmo em um mercado tão desafiador.
A ArcelorMittal tem o compromisso de ter 25% de mulheres na liderança. Como a empresa está incentivando uma maior igualdade entre os gêneros na unidade?
Para a ArcelorMittal, a diversidade é fonte de novas perspectivas para os negócios e, por isso, promove um ambiente de trabalho inclusivo, no qual todas as pessoas têm as mesmas oportunidades de desenvolvimento. A operação brasileira lançou seu Programa de Diversidade & Inclusão, em 2019, com foco em quatro dimensões: Pessoa com Deficiência, Equidade de Gênero, Diversidade Racial e LGTIQIA+.
Um dos resultados do programa é o aumento da representação feminina no quadro de empregados, o que começa a corrigir uma distorção de um setor historicamente dominado por homens. Além disso, a empresa promove o programa de mentoria, voltado para desenvolvimento e crescimento de mulheres empregadas, que recebem sessões de acompanhamento para novos desafios na organização. Entre os temas desenvolvidos são liderança feminina, transição de carreira, desenvolvimento de equipes, entre outros.
Dos cerca de 20 mil empregados da ArcelorMittal Brasil, atualmente as mulheres representam 17,6% (contra 14% em 2022) da nossa força de trabalho, e nos cargos de liderança elas ocupam 21%. A meta é chegar a 25% de mulheres na liderança até 2030. Estamos confiantes em atingir essa meta e queremos cada vez mais contar com mulheres que tenham esse sonho.
A ArcelorMittal Monlevade recebeu recentemente um importante reconhecimento internacional na área de sustentabilidade, o padrão ResponsibleSteel. O que levou a Usina a receber o reconhecimento?
Sim. Em 2022, a usina de Monlevade teve suas operações certificadas de acordo com padrão ResponsibleSteel, iniciativa global de certificação que trabalha para garantir a produção responsável e sustentável de aço, alinhada aos princípios do ESG.
Nossa unidade foi a primeira siderúrgica de aços longos no Brasil a obter essa certificação. Durante um ano, a unidade passou por um rigoroso processo de auditoria conduzido pela DNV (Det Norske Veritas). A avaliação incluiu o levantamento de informações detalhadas sobre as práticas sustentáveis desenvolvidas pela planta industrial, trabalho de campo para compilação de indicadores e entrevistas com representantes de entidades, associações, poder público, sindicato, empregados e lideranças da empresa. Esta conquista demonstra que o aço foi produzido de maneira responsável em todas as etapas na unidade de Monlevade – desde o recebimento da matéria-prima até a entrega de soluções para o mercado.
A certificação ResponsibleSteel é uma das mais complexas a serem conquistadas. Ela avalia os padrões de Governança, desde os processos de descarbonização até o respeito aos direitos humanos, comunidades locais e empregados, desde a segurança dos trabalhadores e processos até o uso responsável de recursos naturais. O plano diretor de Biodiversidade, a alta taxa recirculação de água, que é acima de 98%, os treinamentos nas políticas, como Código de Conduta, Programa de Integridade, o combate ao trabalho infantil, apoio ao desenvolvimento socioeconômico local e a realização de projetos sociais na região, como o Acordes e o Cidadãos do Amanhã, foram ações que receberam destaque no relatório.
Que mensagem você quer deixar de aniversário para os empregados e para a comunidade?
Não poderia deixar de destacar as pessoas que passaram por aqui nestas quase nove décadas. Parabenizo e agradeço aos empregados e aposentados pelo empenho e dedicação ao longo desses 89 anos!