Bióloga Taís Silva de Paula trabalha com alimentos microverdes, novo conceito da alimentação sustentável

Você já ouviu falar em microverdes? Esse é um novo conceito da alimentação sustentável e saudável. O termo é usado para nomear hortaliças, ervas aromáticas, condimentares e até espécies silvestres cultivadas e colhidas poucos dias após a semeadura. E é com esse tipo de agricultura, ainda novidade no Brasil, que a monlevadense Taís Silva de Paula trabalha no Chile.

Ela conta que, em 2018, mudou-se para o país a fim de estudar e aprender espanhol. Ali, ela se estabeleceu e desenvolveu o trabalho com os microverdes, em La Serena, IV região do Chile ou região de Coquimbo. Taís conta que a empresa EcoNutre, criada por ela, nasceu em 2022. “Através do apoio de Juan Carlos Moreno, um grande companheiro e incentivador, e de um financiamento do governo do Chile, através da instituição Sercotec, que apoia os empreendedores iniciantes com ideias inovadoras e que respondam aos desafios ecológicos e sociais locais”, conta.

Econutre

Conforme Taís, o EcoNutre trata do cultivo de bandejas de microverdes de diferentes hortaliças prontas para serem colhidas e consumidas. “É um conceito da alimentação sustentável e saudável através de uma horta urbana, econômica, eficiente, sem o uso de defensivos agrícolas”, informa.

Além disso, há uma preocupação ambiental e de superar os desafios climáticos. “Respondemos à crescente preocupação dos consumidores com a saúde e o cuidado com o meio ambiente. Além disso, oferecemos uma alternativa aos desafios regionais de La Serena relacionados à seca e à obesidade”, conta.

Grandes Benefícios

Embora pequenos no tamanho, os microverdes são gigantes em benefícios. Segundo Taís, ao contrário dos vegetais maduros, os microverdes são colhidos entre 7 e 21 dias após a germinação. Conforme ela informou, estudos demonstram que embora pequenos, eles são concentrados em nutrientes, até 40 vezes mais do que os homólogos adultos. “Atendem a várias necessidades diárias de uma dieta saudável, além disso são muito apreciados pela gastronomia gourmet para a decoração dos pratos, contribuindo para o setor turístico gastronômico da região”, diz. Atualmente, a EcoNutre cultiva variedades como rabanete, mostarda, amaranto, repolho roxo, cenoura, capuchinha, manjericão, chia e endro.

Conforme Taís, a produção é através da agricultura vertical, uma técnica agrícola de ponta, que envolve o cultivo em prateleiras empilhadas verticalmente. “Assim você maximiza a utilização do espaço, reduz a necessidade de terras aráveis e reduz significativamente o uso de água em comparação com a agricultura tradicional”, conta.

Sustentabilidade

Taís explica que os produtos são sustentáveis, sem necessidade de agroquímicos. Outro benefício é que a eliminação de longas distâncias de transporte diminui significativamente as emissões de carbono associadas à distribuição de alimentos.

As colheitas estão localizadas perto dos centros urbanos (a EcoNutre se encontra no centro histórico de La Serena), os produtos podem ser colhidos e entregues aos consumidores em poucas horas. Hoje, ela tem como principais clientes, restaurantes e bares na cidade que é turística.

Destaque

Recentemente, a EcoNutre participou de um projeto denominado Mulher Inovadora. Conforme Taís, a iniciativa é financiada pelo Governo Regional de Coquimbo e por uma instituição de fomento (Corfo). “O principal objetivo foi divulgar o empreendedorismo feminino, inovador e sustentável na região de Coquimbo. Para isso, foi realizado um concurso ao qual chegaram 500 candidaturas, das quais foram selecionadas 24, sendo uma delas, a EcoNutre. Na ocasião, foi feito um micro documentário sobre o meu empreendimento”, explica.

De Monlevade

Taís Silva de Paula é filha de Francisco Paula Santos, o Barcelona, e Tânia Maria Silva de Paula. É monlevadense e sempre estudou em escolas públicas da cidade (Papini, Centro Educacional e Luiz Prisco de Braga). Ela é formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), através da qual realizou um intercâmbio em Pisa (Itália) pelo programa Ciências Sem Fronteiras, do Governo Federal.