O primeiro direito do homem é o de nascer. Mas, no Médio Piracicaba, a lista de locais permitidos para vir ao mundo está cada dia mais restrita. Cidades menores da região, onde há somente um hospital, já não possuem maternidade própria, e limitam os partos realizados. E aí, ninguém nasce mais nesses locais. As futuras mães acabam viajando para outras cidades maiores.

O Hospital Júlia Kubitschek, de Rio Piracicaba, realiza apenas partos emergenciais. Por exemplo, quando a criança está prestes a nascer. Nessas situações, não há tempo de enviar a grávida ao hospital de referência do município, o Margarida, em João Monlevade. Vinícius Fernandes, administrador do Júlia Kubitschek, explica que, para realizar partos, o hospital precisaria de uma estrutura robusta, contando com obstetra, pediatra, ginecologia e anestesista, além de enfermeiros, unidade semi-intensiva e UTI neonatal.

A cegonha também já não costuma passar por Nova Era, pois o Hospital São José também realiza apenas partos de urgência, remetendo os procedimentos programados para o Hospital Margarida. A coordenadora da enfermagem da casa de saúde, Maria Aparecida Teixeira Vieira, explica que, nos nascimentos emergenciais, os profissionais do Hospital São José realizam uma avaliação inicial de mãe e filho, prestando os primeiros cuidados e encaminhando-os para João Monlevade para o atendimento mais complexo.

Em Alvinópolis, o Hospital Nossa Senhora de Lourdes também não realiza partos de rotina, encaminhando-os ao Hospital Nossa Senhora das Dores, em Ponte Nova. O gerente administrativo da casa de saúde alvinopolense, Antônio Assunção de Carvalho, explica que a Vigilância Sanitária impõe uma série de exigências para a abertura de uma maternidade permanente. Conforme ele, seguindo as diretrizes do governo estadual, um município precisaria ter, ao menos, 100 partos mensais para justificar o investimento da estrutura hospitalar necessária para realizar os partos. No entanto, Alvinópolis registra uma média de, aproximadamente, 15 bebês vindos ao mundo a cada mês.

Outros municípios, no entanto, possuem maternidade. É o caso de Barão de Cocais, que realiza seus partos de baixo risco no Hospital Waldemar das Dores. A unidade está preparada para realizar cesarianas e partos naturais. Apenas as ocorrências de maior complexidade são remetidas a hospitais de Belo Horizonte. A maioria das mães que usa o Waldemar das Dores reside em Barão de Cocais.