Prefeitura diz, no entanto, que ela não compareceu à consulta e nem a exame

Uma cidadã monlevadense clama por acompanhamento médico após submeter-se a uma cirurgia bariátrica. Sirlânia Cristina Pinto, de 49 anos, conta que realizou a “redução de estômago” em 2020, após uma campanha da comunidade. Agora, no entanto, ela afirma sofrer com a falta de assistência de profissionais de saúde. Segundo a mulher, sua vida está em risco.

A história da moradora do bairro Loanda foi contada em reportagens do A Notícia desde 2019. Naquele ano, ela alcançara 195 kg, enfrentando a dificuldade para caminhar e desempenhar tarefas domésticas básicas, ficando a maior parte do tempo reclusa em casa.
Sirlânia relata que sofria com a zombaria de pessoas que não entendiam sua condição, e perdeu apresentações artísticas dos seus filhos. A obesidade mórbida ameaçava a sua vida e roubava a sua liberdade.

A cirurgia foi possível em decorrência de uma campanha lançada pelos radialistas Mariléia Miranda e “Chico” Franco, falecido em fevereiro de 2024. A ela, juntaram-se cidadãos, voluntários e membros da Maçonaria. Sirlânia iniciou a preparação, com a operação ocorrendo no dia 23 de maio de 2020. A intervenção correu bem, e a dona de casa perdeu muito peso e se recuperou conforme o previsto.

Problemas

No entanto, ela diz que não conseguiu mais as consultas, precisando de acompanhamento com cirurgião plástico, nutricionista, angiologista e psicólogo. Essas consultas determinarão as dosagens dos medicamentos e vitaminas que ela necessitará tomar pelo resto da vida.
Até operar, conta Sirlânia, ela dispunha de atendimento pela rede privada, mas depois o monitoramento passou para a saúde pública. No entanto, ela diz enfrentar graves dificuldades para obter essa vigilância, conseguindo realizar poucas consultas e exames.
Conforme a monlevadense, a última vez em que esteve com um endocrinologista foi em 9 de agosto de 2022. A dona de casa relata que precisa ser submetida a procedimentos de endoscopia e ecodopplercardiograma, mas não consegue agendá-los. Até o momento, ela diz ter realizado apenas uma tomografia.

Sirlânia conta que enquanto os procedimentos não acontecem, ela sofre com tonturas, dores no lado esquerdo do abdome, visão turva, insônia e lapsos de memória. Segundo a dona de casa, um exame revelou que ela está com “água no coração”. Enquanto isso, ela informa que gasta mais de R$200,00 em medicamentos.

Sirlânia afirma que já compareceu à Secretaria de Saúde, mas os procedimentos necessários ainda aguardam respostas. Ela informa que realizou um exame há mais de um ano, mas o médico ainda não o conferiu. Sirlânia alega que a falta de comunicação com o órgão também fez com que perdesse um exame cardíaco em Itabira.

Prefeitura diz que ela não compareceu a agendamentos

Conforme a Prefeitura de João Monlevade, a paciente não compareceu ao exame e nem à consulta com nutricionista. “O Ecodopplercardiograma já foi agendado para a paciente por duas vezes, a mesma (Sirlânia) foi acionada, entretanto, não buscou o agendamento para a realização. O nutricionista também foi agendado, mas a paciente não compareceu. Os demais procedimentos estão aguardando agendamento conforme a fila de espera, que acolhe as urgências e a demanda recorrente. Conforme documentação arquivada na Secretaria Municipal de Saúde”, afirma a administração.

Ainda segundo o Executivo, “atualmente, são quatro pacientes acompanhados pela rede pública em João Monlevade, após cirurgia bariátrica. O Protocolo do Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza acompanhamento durante dois anos com equipe multiprofissional. A cirurgia é de alta complexidade e Belo Horizonte é a referência do município pelo SUS, sendo esse acompanhamento realizado pela Atenção Primária em Saúde e por psicólogos, nutricionista, endocrinologista, cardiologista e outros especialistas que forem necessários”.