A segunda reunião da Câmara de João Monlevade teve manifestações de apoio à vereadora Maria do Sagrado (PT). Lideranças, representantes de entidades, servidores públicos, a maioria mulheres, marcaram presença no Plenário nesta semana.
A presidente do Conselho dos Direitos da Mulher Monlevadense (Codem), Cíntia Cristina Papa de Souza, usou a Tribuna Popular e fez um discurso em que destacou avanços e desafios para as mulheres na política. Ela mencionou que, de acordo com o Ministério das Mulheres, elas ocupam 13% das prefeituras no Brasil, com 728 prefeitas eleitas e 1666 vice-prefeitas eleitas. Contudo, segundo Cíntia, a meta é aumentar esse número, pois em 3578 municípios não houve nenhuma mulher candidata à prefeitura em 2024.
Ainda em sua fala, ela reforçou a importância de ampliar a presença feminina na política e, durante o encontro, pediu um minuto de silêncio “em respeito aos acontecimentos da última reunião ocorrida no plenário”.
Desrespeito
Conforme noticiado, na semana passada, o vereador Sinval Jacinto Dias (PL) citou nominalmente os vereadores novatos por duas vezes, citando que eles estavam dispostos a trabalhar, excluindo Maria do Sagrado. Ao ser interrompido por ela, alegando que ela estava presente, Sinval disse “até esqueci da petista aqui”. Maria do Sagrado reiterou sua presença, mas Sinval disse que estava falando e que depois conversaria com ela. Ele ainda disse que queria ver se ela mostraria serviço. A frase não foi dita a nenhum outro vereador.
Ainda em seu discurso, a presidente do Codem também fez uma reflexão sobre a intolerância à violência de gênero. Ela condenou atitudes de homens que intimidam e desrespeitam as mulheres, reafirmou o compromisso do Conselho com a efetivação dos direitos das mulheres e chamou a atenção para a necessidade de combater a violência de gênero, seja verbal ou física. Por fim, ressaltou a importância da união entre diversos setores da sociedade para enfrentar esse problema.
Manifestações
A fala de Cíntia foi acompanhada por representantes do conselho, integrantes de outras entidades e lideranças comunitárias. Eles estavam na plateia e levantaram cartazes manifestando apoio e pedindo respeito às mulheres. Por sua vez, o presidente da Casa, Fernando Linhares (Podemos), destacou a importância da mobilização popular e da participação feminina na política. Ele ressaltou a necessidade de respeito e valorização das mulheres e anunciou a reestruturação da Procuradoria da Mulher na Casa, que contará também com a participação da vereadora Maria do Sagrado. Linhares ainda endossou que a Câmara está sempre de portas abertas para receber as demandas e discutir políticas de respeito e valorização.
Maria
Em seu tempo na tribuna, Maria do Sagrado agradeceu as manifestações e o apoio recebidos. Ela contou a situação destacando o que passou e o que sentiu. “Semana passada tivemos a primeira reunião e um vereador disse que, na visão dele, os novatos, seis homens, vieram com vontade de trabalhar e mostrar serviço. Fui desprezada com fala irônica. Sou mulher e ocupo cadeira no parlamento. Repreendi essa atitude, e o farei sempre que me sentir desrespeitada”, afirmou.
Ela lembrou a fala de Sinval que disse na semana passada, que “essa Câmara será diferente”, em virtude dos vereadores novatos, citados nominalmente, mas com a exclusão dela. “Também acho que a Câmara é diferente, porque eu estou aqui, também ocupo esse espaço, sou uma parlamentar. A Câmara é diferente porque os seis homens vieram com vontade de trabalhar, mas os outros oito vereadores reeleitos foram legitimados na urna e também fazem parte dessa Câmara”, declarou. Por fim, ela reforçou sua presença no Legislativo e disse que não aceitará falta de respeito. “Eu Maria, mulher, esposa, mãe, filha, irmã, professora, vereadora petista que consegui 856 votos para legitimar minha vitória, eu estou aqui. Faço parte desse parlamento, ninguém vai me desrespeitar, ninguém vai me invisibilizar”, afirmou.
Vários vereadores citaram a presença das lideranças e destacaram a relevância de Maria. Porém, Sinval Dias não se manifestou sobre o ocorrido. Ao fim da reunião, o público cantou a música “Maria Maria” de Milton Nascimento.