Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que os supermercados de todo o país enfrentam escassez de mão de obra. A informação foi divulgada recentemente pelo jornal O Estado de S. Paulo e revela que a escassez está em oito das 10 ocupações mais importantes da folha de pagamentos do setor, que correspondem a 70% da força de trabalho dos supermercados. Esta realidade também é vista em João Monlevade.
O Hiper Comercial Monlevade, uma das empresas que mais cresceram na cidade e um dos maiores empregadores da região, relata que a escassez de mão de obra tem sido uma realidade constante. Mesmo com as oportunidades de trabalho abertas, a empresa não consegue funcionários suficientes para atender à demanda. Dessa forma, o atendimento aos clientes fica abaixo do padrão de excelência da empresa, que também valoriza a qualificação e o preparo de novos funcionários para garantir um serviço de alta qualidade.
As oportunidades de emprego com carteira assinada estão abertas em todos os setores, mas faltam interessados para preenchê-las. Um dos pontos mais sensíveis é o atendimento ao cliente, como nos caixas e açougue. Atualmente, o estabelecimento possui oito self-checkouts (caixas automatizados) e 32 caixas tradicionais, com os funcionários divididos em dois turnos. No entanto, só na frente de caixa há 52 vagas em aberto.
A gerente do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC), Roberta Oliveira, explica que a empresa e os funcionários se desdobram para atender melhor o cliente: “Fazemos o que podemos para evitar filas. Deslocamos funcionários de outros setores, até os donos se sentam no caixa. Tentamos de todas as formas suprir a demanda, a empresa flexibilizou as escalas de trabalho e oferece o Período Integral e Horista, o RH está indo em escolas, igrejas, em vários lugares para tentar recrutar trabalhadores, mas está difícil”.
Atualmente, o açougue conta com 29 funcionários, mas possui 6 vagas em aberto, conforme informado pelo Gerente do setor, Gabriel Lima. “A contratação tem se mostrado um desafio devido à necessidade do setor de profissionais com experiência especializada, tanto no corte de carnes quanto no atendimento ao cliente, que é muito importante para garantirmos uma maior satisfação”.

Estratégias
O Hiper Comercial Monlevade informa que adota estratégias para atrair e manter os trabalhadores. Treinamentos, flexibilização do período de trabalho, benefícios e melhores ajustes salariais baseados no mercado, são políticas da empresa para fidelizar e motivar seus funcionários, de forma a melhorar o ambiente de trabalho e impulsionar a produtividade.
A empresa tem buscado alternativas de recrutamento indo a universidades, escolas e comunidades, mas ainda assim enfrenta dificuldades no preenchimento de vagas e, além disso, muitos colaboradores acabam desistindo após um curto período: “Por isso, aproveitamos a oportunidade e pedimos a compreensão de todos. Cada esforço está sendo feito para garantir um atendimento de qualidade, e sua paciência faz toda a diferença enquanto superamos esses desafios”, diz Roberta.
Interessados enviar currículo no site:
hipercomercialmonlevade.com.br/vagas
ou no Whatsapp (31) 9 9958-6712
O que explica
As causas do problema de escassez de mão de obra nos supermercados de todo o país são múltiplas. Uma delas é que, tradicionalmente, os postos oferecidos pelo comércio eram preenchidos por jovens, geralmente recém saídos do Ensino Médio, que buscavam a sua primeira colocação. Todavia, a chamada “geração Z”, nascida a partir de 1995, tem ambições diferentes de seus pais, preferindo o trabalho a partir de casa (home office), através da internet, freelancer com rotinas flexíveis e sem vínculos fixos.
A falta de mão de obra é sentida tanto em funções que não exigem especialização, como operadores de caixa, vendedores e atendentes, quanto naquelas em que é necessária qualificação. Em setembro de 2024, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV – Ibre), 38,5% das demissões registradas no Brasil foram a pedido do próprio empregado, um recorde.
Outra razão é apontada pelo vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de João Monlevade (CDL), Luiz Carlos Valente. Ele afirma que muitos contemplados por programas sociais, como o Bolsa Família, querem trabalhar, mas sem a carteira assinada. O motivo é o temor de perderem o benefício com a contratação. Dessa forma, menos potenciais trabalhadores estão disponíveis para o serviço. No entanto, o próprio governo federal explica que é possível receber o benefício do Bolsa Família, seja trabalhando de carteira assinada e voltar a receber mesmo desempregado.
Luiz Valente alerta para os riscos que as empresas correm ao contratar colaboradores sem assinar a carteira de trabalho. Segundo ele, os empreendedores podem enfrentar muitas ações na Justiça do Trabalho.