Profissionais da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) em João Monlevade manifestaram-se na sessão de quarta-feira (8) da Câmara Municipal de João Monlevade. Eles levaram cartazes sobre a greve vivida pela casa de estudos desde o dia 2 de maio, e que atinge 20 de suas 22 unidades em todo o estado. Os docentes não discursaram na tribuna, mas receberam o apoio de vários vereadores.
Durante a reunião, o vereador Belmar Diniz (PT) leu uma “carta aberta à sociedade monlevadense”. Nela, são expostos problemas da Faculdade de Engenharia (FaEnge), como a falta de restaurante universitário e de internet para os alunos, e a insuficiência dos laboratórios e da assistência estudantil. O texto também critica o que chama de “agenda neoliberal que busca privatizar e precarizar os serviços públicos em defesa de interesses privados”.
Salários baixos
O professor Breno Eustáquio explica que a categoria tenta estabelecer uma mesa de negociações com o governo estadual, e que a greve foi deflagrada porque o Palácio da Liberdade não cumpriu os acordos firmados após o movimento de 2016, que paralisou a universidade por 106 dias. Um dos objetivos é aumentar o quadro de docentes com dedicação exclusiva.
Breno cita que os salários pagos pela Uemg são muito baixos, o segundo pior de uma universidade pública no Brasil: “Muitos ganham até menos de um salário-mínimo. O que ajuda são as gratificações e a ajuda de custo, que não são pagas se não há aula, como nos feriados”. Segundo o professor, muitos precisam ter mais de um emprego para poder se sustentar. Breno Eustáquio também indica que, em dez anos, os vencimentos do professorado foram defasados em 76%.
Pouca assistência
Conforme Breno, a assistência aos estudantes é insuficiente: “Alguns alunos têm aulas na unidade Baú das 19h às 20h40 e a aula seguinte é na unidade Santa Bárbara que começa logo a seguir. Eles têm de tomar o ônibus correndo, mesmo recebendo as passagens apenas para ir de casa à faculdade e da faculdade para casa”, relata.
Greve
O docente ainda afirma que a categoria não quer a greve, mas que a situação é muito grave. Ele rebate a alegação governamental de que não há recursos para melhorar os ordenados: “A Uemg representa 0,4% do orçamento estadual”. Em João Monlevade, o movimento teve adesão de 70% da classe, e as atividades estão em nível mínimo. A assembleia dos professores teve apoio de 85% para a interrupção das atividades.