O Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade (Sindmon-Metal) empossou a sua nova diretoria na última sexta-feira (3) e chega com novidades. Pela primeira vez na história da entidade, que tem 73 anos, uma mulher integra a diretoria: Angela Patrícia Cota. Além disso, após muito tempo, a direção do Sindicato teve uma renovação e é formada por 90% de jovens, com idades entre 25 e 40 anos. O novo presidente é Flávio Cordeiro de Paiva, de 37 anos. Ele concedeu entrevista ao A Notícia e falou dos desafios, relação com os trabalhadores e com as empresas, além de propostas de sua gestão, no Sindmon-Metal, até 2028. Confira:

Qual será sua pauta, enquanto presidente do sindicato?
A pauta principal da nossa gestão será garantir a manutenção dos direitos e lutar por mais benefícios para a classe trabalhadora de nossa base, além de melhores condições de trabalho para todos, priorizando saúde e segurança no ambiente de trabalho. Fortalecer a representatividade do sindicato, buscando parcerias para defender os direitos da categoria e da sociedade monlevadense como um todo. Temos vários projetos em andamento que vamos colocar brevemente em prática.

Essa diretoria tem muitos jovens, como não se via há tempos. O que isso representa?
A juventude dessa gestão representa a renovação. Renovação esta que está atrelada à evolução e à necessidade de modernização do movimento sindical como um todo, reconhecendo a importância histórica deste sindicato e dando continuidade ao seu legado de tantas lutas e conquistas.

O Sindicato de Monlevade tem 73 anos e grande importância na história do sindicalismo brasileiro. Como é, para você, chegar ao comando da entidade?
É uma honra e um grande desafio para mim e para toda nossa diretoria renovada, pois o Sindicato dos Metalúrgicos de João Monlevade tem uma sólida história ligada ao nosso município e uma trajetória importante no sindicalismo brasileiro. É também a oportunidade de contribuir com o fortalecimento e a modernização das práticas sindicais, buscando novas formas de representação que atendam às necessidades do mundo contemporâneo. Encaro com humildade, determinação e compromisso.

E hoje, diante das transformações na relação com o trabalho, como está o sindicalismo no país?

O sindicalismo tem passado por transformações significativas, desafios decorrentes da globalização, da tecnologia, das reformas trabalhistas e das novas organizações do trabalho. Nós temos buscado evoluir e nos adaptar a essas mudanças para atender às demandas em um cenário cada vez mais complexo e dinâmico. Apesar dos desafios, o sindicalismo continua desempenhando um papel fundamental na defesa dos direitos dos trabalhadores e na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Falando nisso, como é a relação do sindicato com as empresas?
Ela pode variar dependendo do contexto e das circunstâncias específicas de cada caso. No geral, essa relação é pautada pelo diálogo, na negociação e representação dos interesses dos trabalhadores. Em resumo, essa relação hoje é baseada no respeito mútuo, na busca por soluções consensuais que contribuam para a construção de um ambiente de trabalho justo e equilibrado.

Pela primeira vez, o Sindicato tem uma mulher na diretoria. Como você vê a participação feminina?
A participação feminina em qualquer meio não é apenas bem-vinda, mas essencial para

garantir uma representação inclusiva. Isso não seria diferente no nosso sindicato. Acontece que o setor da indústria, em especial o setor metalúrgico, foi por muitas décadas dominado pelo gênero masculino e considerado um setor machista. Mas isto tem evoluído e para o sindicato, que tem buscado também essa evolução, é essencial que tenhamos representação feminina que irá enriquecer as nossas discussões e tomada de decisões. É fundamental que o sindicato promova a igualdade de oportunidades e empoderamento, independentemente do gênero.

Qual a importância da luta sindical?
Ela é essencial para garantir que os direitos dos trabalhadores (as) sejam respeitados e que tenham condições dignas de trabalho e de vida. Somos uma ferramenta para promover a justiça social, a igualdade e a dignidade no mundo do trabalho. Ao se sindicalizar, o trabalhador passa a fazer parte de uma organização que o representa e defende os seus direitos perante a empresa, o governo e outras instituições. Nós somos a voz do trabalhador, que garantimos que ele seja ouvido e tenha seus direitos respeitados. Além disso, o trabalhador sindicalizado é imprescindível para o fortalecimento e manutenção da entidade que o representa.

A usina de Monlevade passa por um momento de expansão. Como o Sindicato tem acompanhado isso?
É um desafio para nós, pois são muitas empresas contratadas em uma expansão como esta, com muita mão de obra proveniente de outros municípios, outros estados e até mesmo mão de obra estrangeira. Essa diversidade de culturas pode afetar o ambiente de trabalho e a segurança. Mas já passamos por cenários parecidos anteriormente e estamos vigilantes e em contínuo contato com a Arcelor para que tudo ocorra tranquilamente.
Como estão as condições de trabalho em Monlevade?
A ArcelorMittal é uma empresa transnacional com operações em diversos países. O nosso maior desafio é não deixar que a cultura corporativa de outros países com legislações trabalhistas precárias afetem o ambiente de trabalho. Os dirigentes sindicais em atividade nas plantas são fiscais importantes que ajudam a identificar e sanar tais desvios. Em algumas situações, temos que acionar a justiça do trabalho para nos auxiliar nessas esferas onde o diálogo não é suficiente, mas a empresa tem se demonstrado disposta a resolver pendências e na maioria das vezes conseguimos uma solução de maneira amigável.

Que mensagem final gostaria de deixar?
Gostaria de agradecer, primeiramente a Deus, que tem me guiado e provido discernimento em tudo que me proponho a fazer; ao apoio de todos os familiares, em especial a minha esposa Mariana e minha filha Alícia, que são meu alicerce em todos os momentos; a todos os trabalhadores e trabalhadoras, companheiros e companheiras, que acreditam em nosso trabalho e no Sindmon-Metal. E gostaria de deixar um agradecimento ao presidente Otacílio, em referência aos demais companheiros que passaram por esta entidade, pelo ensinamento e legado deixados por eles!