Nesta quarta-feira (18), comemora-se o Dia da Doula. Essa atividade ainda é pouco conhecida do grande público, mas tem conquistado mais adeptas entre as gestantes. Nesta semana, o A Notícia conversou com as doulas Sara Aparecida e Thaís Andrade, que explicaram detalhes de sua profissão.

Sara Aparecida conta que começou a trabalhar como doula há quatro anos: “Os meus próprios partos me levaram a buscar conhecimento e, a partir daí, querer servir essas mulheres para que elas tenham também uma experiência mais positiva e esclarecida”. Ela relata que teve três partos normais, mas quis entender melhor o processo para que ele fosse “mais tranqüilo e humanizado”.

Também atuando há quatro anos e com mais de 50 gestantes atendidas, Thaís explica as vantagens de contratar uma doula: “A gestante que contrata a doula diminui as chances uma cesárea desnecessária, tem um trabalho de parto mais rápido, tem menos necessidade de receber anestesia, ocitocina sintética, ou o uso do fórceps, reduz o risco de depressão pós-parto, tem maior sucesso na amamentação, tem mais confiança e auto estima em relação a maternidade!”.

O seu trabalho principal é amparar e prestar suporte emocional à gestante, desde antes, durante e até depois do parto. Ela pode participar tanto de nascimentos naturais quanto de cesarianas. As doulas também acompanham as gestações de risco, quando “a abordagem varia de acordo com a conduta médica”. No entanto, não se deve confundir o trabalho das doulas, que não integram a equipe médica, com enfermeiras, obstetras ou parteiras. A contratação de uma doula fica a critério da gestante.

Enfermeiras e doulas

A doula orienta a preparação para o parto, através da educação perinatal, oferecendo apoio emocional durante todo o processo. Ela também sugere médicos não-farmacológicos para aliviar as dores do parto. Já a enfermeira obstétrica analisa a progressão da descida e posição da criança, verifica a dilatação do colo do útero com exames de toque e avalia o bem-estar de mãe e filho, com ausculta fetal e aferição da pressão.

Sara explica a diferença entre as duas profissões: “Ambas podem fazer parte de uma equipe de parto humanizado, trabalhando juntas para garantir uma experiência positiva e segura para a gestante e o bebê. Enquanto a doula não faz nenhum procedimento técnico e foca no apoio a essa gestante, a enfermeira faz parte da equipe médica, com formação específica em enfermagem obstétrica. Ela tem habilidades clínicas e está apta a realizar pré-natal, monitorar a evolução do trabalho de parto e, em muitos casos, acompanhar partos normais de baixo risco. Além disso, pode solicitar exames e identificar situações que precisam da intervenção de um obstetra”.

Modalidades

Cada profissional pode oferecer diferentes serviços. Thaís, por exemplo, presta três modalidades, sendo a mais tradicional delas a doulagem: “É o acompanhamento individualizado durante o trabalho de parto ativo. Nele, consiste todo o apoio, técnicas de alívio da dor, massagens e a presença ativa, o cuidado com as necessidade pessoais da mulher”.

Também existe a educação perinatal: “são encontros que proporcionam a gestante além de bem-estar, apoio e segurança, informações seguras e à cerca dos possíveis caminhos que o trabalho de parto pode trilhar e quais as melhores opções para cada uma desses caminhos. […] É um documento importantíssimo em que a gestante registra duas preferências e desejos para o parto”.

Uma terceira modalidade ofertada por Thaís Andrade é o chá de bênçãos: “É um evento personalizado de acordo com as necessidades físicas e emocionais da gestante. Além de um maravilhoso escalda pés e a pintura de barriga que traz um tom de despedida daquela fase da gestação para a tão sonhada chegada do bebê!”.

Planejamento

O ideal, diz Sara, é que o contato com a doula ocorra logo quando a gravidez é descoberta, para antecipar o planejamento: “A relação de uma doula com uma gestante exige um vínculo, por isso é importante que elas tenham esse contato durante a gestação”. Todavia, a contratação também pode acontecer posteriormente.

Sara relata que, para evitar conflitos de agenda, assume duas datas prováveis para o parto por mês. Mesmo assim, não é raro que bebês nasçam fora da estimativa dos médicos. Ela costuma ficar à disposição a partir das 37 semanas de gravidez. A contratação de um serviço de doula pode custar entre R$500,00 e R$2 mil, dependendo do período da cobertura.

Formação e garantias

A palavra “doula” tem origem grega, significando “mulher que serve”. Para desempenhar essa função, as profissionais realizam um curso preparatório. Não é necessário trabalhar na área de saúde; Thaís, por exemplo, era professora antes de ingressar nessa área. Todavia, a maioria dessas trabalhadoras possui alguma formação na área de saúde.

Em João Monlevade, a lei municipal 2.560, de 2023, garante a entrada e permanência da doula durante todo o período de trabalho de parto. Para tanto, a gestante precisa apresentar uma declaração que identifica a profissional, que precisa estar credenciada junto ao município. Todavia, apenas uma doula é autorizada para cada parturiente.