Morreu neste domingo (2) o ex-governador de Minas Gerais e ex-deputado federal Newton Cardoso. Ele tinha 86 anos, e estava internado num hospital de Belo Horizonte. A notícia da morte foi confirmada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido que ele ajudou a fundar, através de uma nota oficial. O atual governador, Romeu Zema (Novo), também lamentou a morte do antecessor e decretou três dias de luto. O velório acontece nesta segunda-feira no Palácio da Liberdade.

Baiano de Brumado, Newton Cardoso nasceu em 22 de maio de 1938, chegando à capital mineira com 16 anos. Graduou-se em Direito pela então Universidade Católica de Minas Gerais, e foi diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ainda jovem, ingressou no Partido Republicano (PR), que seria extinto pelo Ato Institucional 2 (AI-2), em 1965.

No ano seguinte, ajudou a criar o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), o único partido de oposição legalizado durante o regime militar. Em 1973, tornou-se prefeito de Contagem, cargo que ocuparia até 1977. Newton Cardoso ainda governaria o município da Grande Belo Horizonte entre 1981 e 1985, e depois entre 1997 e 1998. Ainda foi deputado federal entre 1979 e 1989, e entre 1995 e 1996, sempre pelo MDB (a partir de 1979 chamado de PMDB). Seu estilo de realizar grandes obras públicas o faria conhecido como “trator de Contagem”, e o alçaria a posições mais altas.

Em 1986, na esteira do sucesso temporário do Plano Cruzado, Newton Cardoso conseguiu eleger-se governador de Minas Gerais. Na época, o Brasil sofria com a inflação astronômica, o alto desemprego, o empobrecimento das famílias e o inchaço e inoperância da máquina estatal. Em seu governo, foram construídas as usinas hidrelétricas de Nova Ponte e Miranda, e o sistema de captação Rio Manso.

Todavia, Newton Cardoso enfrentou uma renitente oposição, até da imprensa: o jornal Estado de Minas passou a não divulgar sua foto ou nome. Ele conseguiu debelar uma tentativa de secessão do Triângulo Mineiro. Apesar da crise econômica e das constantes críticas, ele conseguiu concluir seu mandato, entregando o governo a Hélio Garcia (PRS, que venceu o candidato de “Newtão”, Ronan Tito) em 15 de março de 1991, mesmo dia em que o Banco Central decretou a liquidação da Caixa Econômica do Estado de Minas Gerais (MinasCaixa).

Newton Cardoso ainda voltaria à cena política em 1999, como vice na chapa vencedora de Itamar Franco ao governo de Minas Gerais. Ficou no cargo até 2002. Em 2006, foi derrotado por Eliseu Resende (PFL) na disputa pelo Senado. Desde então, dedicava-se às atividades empresariais.