Manifestantes realizaram na manhã deste sábado (15) um protesto por Justiça ao menino Kaíque Henrique, falecido no último dia 6 de fevereiro no Hospital Margarida. Eles se concentraram na praça do Lindinho, centro de João Monlevade, em sua maioria com camisas brancas. Com apitos, balões brancos, cartazes e uma faixa, eles fizeram reiterados apelos por melhores condições de atendimento na casa de saúde monlevadense.

Em suas palavras, eles lamentavam a morte de Kaíque e clamavam para que a sua história não se repetisse. A cada vez que o semáforo se fechava para o fluxo dos automóveis, os manifestantes exibiam seus dizeres e emitiam sua palavra de ordem: “Justiça”. Em alguns momentos, motociclistas fizeram barulho com seus veículos para reforçar o movimento, que seguiu pacífico.

A mãe de Kaíque, Natália Souza, conversou novamente com o A Notícia. Ela pediu pela melhoria no atendimento, com uma maior assistência dos médicos mais experientes aos profissionais mais jovens. O objetivo é evitar que tragédias como a que ocorreu com seu filho se repitam em outras famílias.

Entre os manifestantes, estavam o vereador Revetrie Teixeira (MDB) e a conselheira de saúde Tatiana Freitas.

Relembre o caso

Segundo informações da mãe do menino, Natália Souza, ele deu entrada pela primeira vez com fortes dores abdominais, vomitando, com diarréia e desidratação. O médico que o atendeu, segundo a mãe, aplicou medicação e pediu um exame de sangue, cujo resultado mostrou algumas alterações, que não seriam preocupantes. Na troca de plantão, outro médico examinou a criança, liberando-a com uma receita de medicação ainda na segunda-feira (3).

Na quarta-feira (5), relata a mãe, os medicamentos já não produziam efeito, e Kaíque voltou ao hospital. Devido à gravidade de seu estado, ele foi encaminhado à ala pediátrica e novamente atendido pelo mesmo médico que lhe dera alta dois dias antes.

Conforme Natália, o garoto recebeu soro, fez exames de sangue e uma tomografia que apontou a necessidade de uma cirurgia. Após a operação, conta a mãe, o médico informou que o estado de saúde era muito grave. Foi diagnosticada uma apendicite muito infeccionada. Ainda segundo Natália, o filho foi removido da sala de cirurgia desacordado e intubado. Ele sofreu quatro paradas cardíacas, sendo reanimado das três primeiras, mas não resistindo à quarta, vindo a óbito.

Repercussões

A notícia da morte do garoto reverberou na cidade, provocando indignação e revolta pela alegação de mau atendimento. Em decorrência disso, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal encaminhou um ofício ao Hospital Margarida, pedindo esclarecimentos. A instituição respondeu informando que abriu uma investigação interna dos acontecimentos, seguindo os parâmetros do Conselho Regional de Medicina (CRM), órgão que regula a prática médica.

Além disso, o hospital afirma no ofício que “todas as circunstâncias do atendimento continuam sendo objeto de apuração pelas comissões internas, a fim de garantir uma avaliação criteriosa do ocorrido”. O hospital ainda disse que está à disposição para quaisquer esclarecimentos.