A morte de um menino de 10 anos no Hospital Margarida na semana passada repercutiu na Câmara Municipal de João Monlevade. Kayke Henrique faleceu na quinta-feira (6) e a notícia desencadeou revolta na comunidade monlevadense pela alegação de mau atendimento.

O vereador Alysson Barcelos (Avante) levou o assunto para a tribuna da Câmara nesta semana. Ele informou que a Comissão de Saúde do Legislativo enviou um ofício à casa de saúde pedindo esclarecimentos e comentou sobre as respostas do Margarida. O parlamentar disse que o hospital respondeu informando que abriu uma investigação interna dos acontecimentos, seguindo os parâmetros do Conselho Regional de Medicina (CRM), órgão que regula a prática médica.

Além disso, o hospital afirma no ofício que “todas as circunstâncias do atendimento continuam sendo objeto de apuração pelas comissões internas, a fim de garantir uma avaliação criteriosa do ocorrido”. O hospital ainda disse que está à disposição para quaisquer esclarecimentos.

 

O caso

 

Segundo informações da mãe do menino, Natália Souza, ele deu entrada pela primeira vez com fortes dores abdominais, vomitando, com diarreia e desidratação. O médico que o atendeu, segundo a mãe, aplicou medicação e pediu um exame de sangue, cujo resultado mostrou algumas alterações, que não seriam preocupantes. Na troca de plantão, outro médico examinou a criança, liberando-a com uma receita de medicação ainda na segunda-feira (3).
Na quarta-feira (5), relata a mãe, os medicamentos já não produziam efeito, e Kayke voltou ao hospital. Devido à gravidade de seu estado, ele foi encaminhado à ala pediátrica e novamente atendido pelo mesmo médico que lhe dera alta dois dias antes.
Conforme Natália, o garoto recebeu soro, fez exames de sangue e uma tomografia que apontou a necessidade de uma cirurgia. Após a operação, conta a mãe, o médico informou que o estado de saúde era muito grave. Foi diagnosticada uma apendicite muito infeccionada. Ainda segundo Natália, o filho foi removido da sala de cirurgia desacordado e intubado. Ele sofreu quatro paradas cardíacas, sendo reanimado das três primeiras, mas não resistindo à quarta, vindo a óbito.
Na Câmara

Alysson afirmou que não cabe à Comissão de Saúde da Câmara Municipal fazer julgamentos, mas fiscalizar e solicitar esclarecimentos. O presidente do Legislativo, Fernando Linhares (Podemos), por sua vez, mencionou que a Casa pode convocar representantes do Hospital para explicarem o episódio. Ele declarou que responder ofícios é uma obrigação, mas que não viu nenhuma providência concreta sendo tomada até então, mesmo com as várias queixas recebidas. Linhares defendeu ainda que, caso a falha seja comprovada, os responsáveis devem ser punidos não apenas na esfera administrativa, mas também na criminal.

 

Manifestação

 

A morte do menino Kayke Henrique, de 10 anos, consternou a comunidade monlevadense e gerou questionamentos e críticas sobre o atendimento prestado pelo Margarida. Uma manifestação por justiça está agendada para amanhã (15), a partir das 8h30, na praça do Lindinho. Os organizadores do ato solicitam que os manifestantes usem roupas brancas na ocasião.