O Festival Baobá, realizado no último final de semana, comprova seu sucesso e prova ser mais do que um simples evento cultural. A terceira edição mostrou que veio para ficar. “Com mais de 15 atrações ao longo de três dias de festa, o festival destacou-se como um poderoso palco para a celebração da diversidade e da cultura negra”, informa a administração municipal.

Uma das grandes novidades deste ano foi o espetáculo audiovisual “Baobá Somos Nós”. Projeções em LED iluminaram os prédios no entorno da Praça do Povo, homenageando grandes lideranças negras de João Monlevade. Entre esses, Vó Mena, Pedro Alcântara, Sr. Félix, Dona Preta e Neide Roberto. Além disso, desenhos animados feitos por crianças da rede pública de ensino, especialmente das periferias negras, foram exibidos. O resultado criou um ambiente de inclusão e celebração da identidade negra.

Impactos positivos

A diretora-presidente da Fundação Casa de Cultura, Nádia Lírio Furtado, expressou sua satisfação com o Festival Baobá. Ela destacou seu impacto positivo na comunidade. “O Festival Baobá é uma prova de que é um trabalho que tem que ser feito, que é necessário, porque a gente consegue reunir toda a potência de João Monlevade, dos coletivos negros, de periferia, junto com as maiores potências da música negra mineira, grandes nomes nacionais, e nesse caso, este ano, internacional. A praça estava cheia de gente que queria consumir isso e consumiu com a qualidade máxima. Os melhores músicos de Minas Gerais estiveram aqui. Estou muito feliz e muito orgulhosa do nosso trabalho”, destacou.

Nadja também ressaltou a importância do festival para a valorização da cultura preta e a necessidade de combater o racismo estrutural. “Eu acho que a gente ainda tem uma resistência, tem muito para aprender em João Monlevade, a como receber a cultura preta e como prestigiar a cultura preta. Eu acho que a gente, todo o Brasil passa por isso, a necessidade de combater o racismo estrutural”, pontuou a diretora.

Importância 

O prefeito de João Monlevade Laércio Ribeiro (PT) e o vice Fabrício Lopes (Avante), também comentaram sobre a edição do Baobá.  “É fundamental reconhecer e valorizar a importância do apoio à diversidade, especialmente no que diz respeito à cultura negra. Assim, ao abraçar e celebrar a diversidade, enriquecemos nossa sociedade com perspectivas únicas, experiências inovadoras e um mosaico vibrante de tradições. A cultura negra desempenha um papel significativo na nossa história, arte, música, culinária e em tantas outras esferas, merecendo ser honrada e promovida”, frisou Fabrício.

Programação diversa

A segunda edição do Festival Baobá começou na sexta-feira, 14 de junho. A apresentação “Poethórias Afro” da Cia Primativa de Arte Negra, seguida do espetáculo “Ubuntu – Eu sou porque nós somos” do Grupo Freedom Dance abriu o evento.

Espetáculo “Ubuntu – Eu sou porque nós somos” do Grupo Freedom Dance

O ponto alto da noite foi a apresentação da banda senegalesa Mamour Ba, que encantou o público com seu afro-pop instrumental. Encerrando a noite, os Tambores do Morro trouxeram a energia do axé para a Praça do Povo.

No sábado, 15 de junho, a Praça do Povo foi palco de uma rica programação que começou com o Xirê Coletivos de Religiões de Matriz Africana de João Monlevade. A roda de Capoeira Angola, com Mestre João Angoleiro, atraiu entusiastas, enquanto Barraco 32 e Mc Chocolate trouxeram rap e trap para o festival.

Xirê Coletivos de Religiões de Matriz Africana levou religiosidade à Praça do Lindinho

Em seguida, a tarde continuou com a Orquestra Gafieira, Etc e Tal, seguida pela Black Machine, que empolgou o público com funk e soul. O destaque da noite foi o rapper Djonga, cuja apresentação quebrou o recorde de público do festival, com cerca de 15 mil presentes. A noite terminou com chave de ouro com o pagode baiano da banda Swing Safado, originária do Conjunto Santa Maria, periferia de Belo Horizonte.

Djonga levou cerca de 15 mil pessoas à Praça do Povo

No domingo, 16 de junho, o festival continuou com uma programação rica em tradições culturais. A Capoeira Ginga Monlevade Grupo Renovação Erê abriu o dia, seguido pelo cortejo dos Marujos Nossa Senhora do Rosário e Guarda de Congo. As apresentações de Pajé e a Nave, a Família Alcântara e Samba da Januário trouxeram uma mistura de Afro Pop Brasil Instrumental e Canto Negro de Quilombo. Por fim, o encerramento ficou por conta de Marcelo Dai, cantor e baterista de Liniker, que trouxe um mix de black e soul music para fechar o evento de forma memorável.