O abandono de animais domésticos é um problema recorrente em João Monlevade. Seres que deveriam ser companheiros de vida e de alegrias são rotineiramente descartados como entulho. Mesmo com o endurecimento recente na legislação, que torna a prática um crime passível de prisão, não é difícil encontrar cães e gatos perambulando pela cidade, colocando em risco a si próprios e aos seres humanos. E a responsabilidade disso é do próprio ser humano.
Muitos, no intuito de fazer uma boa ação, ao adotar os bichinhos, acabam descartando-os após um período. “Não há explicação. É a maldade”. Essa é a opinião da presidente da ONG SOS Animais, Aline Braga, a respeito do tema. Ela relata que muitos dos cães e gatos despejados nas ruas foram adotados por pessoas que não esperavam que eles crescessem muito, fizessem “muita bagunça” ou ficassem doentes.
Segundo a voluntária, é muito comum que o grupo resgate mães prenhas ou que tenham dado à luz recentemente. O que revela ainda mais o nível de covardia de quem abandona os animais. Aline conta que, no ano passado, mesmo com a morte dos filhotes, uma dessas fêmeas foi abandonada. Felizmente, foi adotada, enquanto outras duas aguardam em lares temporários.

Crime

É caracterizado como crime de maus-tratos, abandonar, ferir, mutilar, falta de higiene, não disponibilizar ao animal abrigo do sol ou chuva, não alimentar e dar água, e negar assistência veterinária. De acordo com a Lei 9.605/98, artigo 32, a pena para quem comete o crime de maus-tratos aos animais, prevê três meses a um ano de detenção, e recentemente a pena para violência contra cães e gatos aumentou de 2 a 5 anos de prisão. A pena é aumentada de um sexto a um terço se o crime causar a morte do animal.
Conforme Aline, os ex-tutores costumam preferir locais afastados para descartar os animais, como o Parque do Areão, a estrada das Pacas e o prédio da antiga Escola Estadual Santana, no bairro Centro Industrial. Os cães e gatos são os mais abandonados, mas também já houve abandono de cavalos e até de coelhos.

Castração de animais

Uma das maneiras de controlar o número de animais de rua é a castração. A Prefeitura de João Monlevade tem um programa gratuito para castrar cães e gatos. A iniciativa, que já realizou 960 procedimentos entre abril e novembro do ano passado, agora está agendando cerca de 500 castrações para os próximos meses.
O cadastro deve ser feito presencialmente na Secretaria de Meio Ambiente, localizada na rua Gomes Batista, 122, bairro Nossa Senhora da Conceição. As inscrições serão aceitas das 7h às 11h e das 13h às 17h, e os critérios para participação incluem famílias com renda de até três salários mínimos ou meio salário por pessoa, além de estarem inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) e serem moradoras do município.

SOS Animais

A SOS Animais é um grupo que existe há cerca de um ano e meio, ajudando animais sem dono. No ano passado, foram dez adoções realizadas. Geralmente, os processos de adoção passam pela busca por um lar temporário, do encaminhamento para o veterinário, da castração e da adoção em um lar definitivo. No entanto, adotar é uma tarefa difícil para o grupo, missão dificultada pelo fato de o Canil Municipal já estar lotado.
A comunidade pode ajudar a SOS Animais, comprando rifas, doando ração, servindo como abrigo temporário ou adotando responsavelmente. Mensalmente, os voluntários realizam um bazar na praça do Povo, recebendo donativos como medicamentos, roupas de cama, cobertores, roupas ou calçados em bom estado. A chave Pix para doações é o telefone (31) 98805-6073.