O assunto não é novo e, mais uma vez, está de volta: João Monlevade vive, há anos, problemas em seu sistema de trânsito. O recente episódio de uma carreta que, quebrada, desceu de ré nas proximidades da rua Beira Rio, expôs mais uma vez a fragilidade da nossa malha viária, principalmente, diante do fluxo de veículos pesados em locais incompatíveis com suas dimensões. Não é a primeira vez e, pelo visto, nem será a última que isso ocorre, se nada for feito.
Mas não é só ali. Nesta semana, o vereador Zuza Veloso (Avante) utilizou uma metáfora que, apesar de inusitada, traduz com precisão a situação da avenida Nova York, no Cruzeiro Celeste: “parece carrinhos de tromba-tromba”. Trata-se de uma via com fluxo intenso, mas que é mal sinalizada e despreparada para a atual realidade urbana da região mais populosa da cidade. A expressão do vereador carrega uma dura verdade: o caos virou rotina.
Na avenida Alberto Lima, o motorista que tenta sair do bairro Paineiras vê-se frequentemente preso por um fluxo contínuo e mal gerenciado de veículos. Em diversos bairros, as ruas estreitas já não suportam a quantidade de carros em circulação. O transporte público, por sua vez, também não cumpre bem o seu papel, com ônibus cheios e quase sempre atrasados.
No centro comercial, encontrar uma vaga para estacionar virou um teste de paciência. O fim do estacionamento rotativo agravou o problema, e é urgente que se discuta com seriedade a sua retomada, de forma moderna, organizada e justa.
Outro alerta para o setor: mobilidade urbana vai muito além de trânsito. Mobilidade é garantir o direito de ir e vir de forma segura, acessível e eficiente dos cidadãos, seja de carro, ônibus, bicicleta ou a pé. A pergunta é: a gestão municipal está pensando nas pessoas? Ela garante calçadas transitáveis, rampas de acesso, sinalização clara, passarelas, segurança e conforto, sobretudo para pessoas com deficiência, idosos e crianças?
João Monlevade cresceu, mas sua estrutura de trânsito ficou no passado. E as sucessivas administrações municipais falharam em acompanhar esse crescimento. A cidade precisa, com urgência, de um plano de mobilidade sério, técnico e elaborado de forma participativa. São medidas que não podem mais esperar. Um trânsito melhor é símbolo de mais qualidade de vida.