(*) Breno Eustáquio da Silva
Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, e é um bom momento para refletirmos sobre como tratamos a diversidade em nossa cidade. Celebrar o orgulho não é só levantar bandeiras coloridas — é, acima de tudo, defender o direito de cada pessoa viver com dignidade, segurança e respeito. E, infelizmente, nem sempre isso acontece por aqui.
Minha tese de doutorado em Ciências da Educação revelou um dado preocupante: as escolas públicas de João Monlevade são, majoritariamente, ambientes inseguros para estudantes LGBTQIAPN+. A pesquisa evidenciou episódios de bullying, exclusão, falta de acolhimento por parte da gestão e omissão institucional diante de casos de discriminação. A escola, que deveria ser um espaço de formação integral e proteção, muitas vezes contribui para o sofrimento silencioso de crianças, jovens e adultos.
Esse cenário não é isolado. Em todo o Brasil, a população LGBTQIAPN+ enfrenta sérios desafios: violência, exclusão social, preconceito no ambiente de trabalho, dificuldades no acesso à saúde e ausência de políticas públicas específicas. A situação é ainda mais crítica para pessoas trans e travestis, que têm expectativa de vida muito abaixo da média nacional.
Mas há esperança. E ela começa com uma mudança simples: respeito. Respeito à existência, à identidade, ao amor do outro. Apoiar a causa LGBTQIAPN+ não exige que ninguém mude sua orientação sexual, identidade de gênero, sua fé ou seus valores. Exige apenas empatia e humanidade. Não é preciso ser parte da comunidade para reconhecer que ninguém merece ser agredido, rejeitado ou excluído por ser quem é.
Apoiar a diversidade é também uma forma de construir um futuro melhor para todos. Uma cidade que respeita as diferenças é mais justa, mais acolhedora, mais feliz. Quando combatemos o preconceito e garantimos o direito de todos existirem em paz, fortalecemos os laços sociais e contribuímos para um ambiente mais seguro — dentro e fora das escolas.
Por isso, é urgente que João Monlevade desenvolva e implemente políticas públicas voltadas à proteção e promoção dos direitos da população LGBTQIAPN+. Precisamos de formação para professores, campanhas de conscientização, canais de denúncia eficientes e espaços de acolhimento. A escola tem que ser um lugar de aprendizado e não de medo.
Também é papel de cada um de nós — cidadãos, famílias, empresas, igrejas, gestores — refletir sobre como podemos contribuir para uma cultura mais inclusiva. Respeitar pronomes, ouvir sem julgamento, acolher com amor e ensinar pelo exemplo. Esses gestos mudam vidas.
A diversidade não é um problema a ser tolerado. É uma riqueza a ser celebrada. Que junho seja um convite à escuta, ao aprendizado e à transformação. Porque o orgulho de ser quem se é merece ser vivido com segurança, visibilidade e, sobretudo, respeito.
(*) Breno Eustáquio da Silva é doutor em Ciências da Educação, com ênfase em Diversidade