(*) Erivelton Braz

Nunca foi tão oportuno falar sobre cultura em João Monlevade quanto agora. Vivemos um tempo raro para a classe artística, agentes e produtores em que os investimentos no setor cultural florescem como há tempos não se via. É inegável que a cidade, nos últimos anos, ganhou visibilidade e inúmeras ações na área da cultura, de eventos e na promoção de políticas públicas.

Para uma cidade acostumada a ver sua arte resistindo à margem, muitas vezes sustentada apenas pela teimosia e resistência de seus fazedores, ou reduzida a uma cavalgada anual, testemunhar o atual cenário é, no mínimo, alentador. Monlevade nunca viu tantos festivais e eventos, com atrações de todos os estilos: gospel, afro, sertanejo, MPB, rock, axé e funk, além de projetos de fomento e ações incentivadas chegando, de forma concreta, aos seus artistas.

Na cidade, Leis de incentivo e editais de seleção têm se multiplicado, promovendo uma nova realidade para os artistas, agentes e produtores, a partir da implantação de uma política público cultural. Não é exagero dizer que estamos diante de um novo ciclo, que transforma a arte local em potência ativa.

E as ações são justificadas pelos números, que também impressionam. Foram mais de 190 shows de artistas locais realizados nos últimos anos. Além disso, o ICMS cultural, que é recurso destinado para a promoção da cultura e do patrimônio histórico, também triplicou. Isso em virtude de projetos, tombamentos, preservação de bens materiais e registros de bens imateriais. É inegável que a gestão do prefeito Laércio Ribeiro (PT), através da gestora Nádja Lírio, presidente da Fundação Casa de Cultura, seja responsável por esses resultados. Quer gostem do governo e das pessoas que nele integram, ou não.

Além disso, como desde sempre, a Fundação Casa de Cultura oferece, aulas de ballet, capoeira, musicalização infantil, violão, bateria, teclado, técnica vocal (canto), jazz, violino, artesanato, Afro Zumba e dança para a maturidade. Atualmente, são mais de 300 artistas em formação. Isso não é apenas fomento: é semeadura. É pensar a cultura como processo contínuo, vivo, que transforma vidas e constrói cidadania.

E esse movimento não se restringe ao centro da cidade. Pelo contrário: nos próximos dias, quando Monlevade celebra mais um aniversário, o presente virá em forma de descentralização. Shows, espetáculos e apresentações de artistas da cidade vão se espalhar por vários bairros, ocupando praças, ruas e espaços públicos. É a cultura indo ao encontro do povo. E mais ainda: é o povo reconhecendo seus próprios artistas, sua própria história, sua própria voz.

Essas ações, além de promoverem entretenimento e lazer, cumprem um papel muito mais profundo: o de reconstruir laços, de reforçar identidades, de formar memórias coletivas. Ao valorizar seus artistas, Monlevade valoriza a si mesma. Ao investir em cultura, investe em humanidade. Cultura é investimento e não rivaliza com os demais, como saúde ou educação. A arte também cura, educa, forma e amplia visões.

Por isso, que não se perca esse momento. Que não se interrompa esse ciclo virtuoso. Monlevade, agora, prova isso com números, com ações, com aplausos. Que esses ventos continuem soprando. E que a alma de Monlevade, enfim, continue pulsando forte, vibrante, viva.

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação