(*)Alessandra Lima

O Janeiro Branco é uma campanha brasileira que tem como objetivo promover a conscientização sobre a importância da saúde mental. Criada em 2014 por psicólogos de Uberlândia, Minas Gerais, a iniciativa vem ganhando cada vez mais visibilidade e adesão em todo o país, ressaltando a necessidade de olhar com mais atenção para o bem-estar emocional da população.

Vivemos em um mundo que frequentemente se mostra hostil e estressante. A exposição constante a energias negativas e situações adversas pode afetar profundamente as pessoas, especialmente aquelas mais vulneráveis, levando a um estado emocional fragilizado. Dados alarmantes confirmam essa realidade.

Entre os anos de 2020 e 2023, a Justiça do Trabalho no Brasil julgou 419.342 ações relacionadas a assédio moral e sexual. Nesse período, os casos de assédio sexual tiveram um aumento de 44,8%, enquanto os de assédio moral cresceram 5%. Além disso, 361.572 novas ações sobre esses temas foram recebidas pelo Judiciário Trabalhista, evidenciando a gravidade do problema.

A questão do assédio sexual merece atenção especial, pois o aumento de 14,3% nas denúncias reflete tanto o agravamento do problema quanto a maior conscientização sobre a importância de denunciar. Contudo, muitas pessoas ainda temem represálias ou duvidam da efetividade do sistema judiciário. É importante lembrar que terceiros também podem realizar denúncias, mas esses indivíduos frequentemente hesitam devido à possibilidade de se exporem.

O ambiente de trabalho é um espelho da cultura organizacional de uma empresa. Locais com lideranças mal preparadas frequentemente apresentam climas organizacionais tóxicos, que comprometem a saúde mental dos funcionários. A graduação e a especialização, por si só, não são suficientes para formar bons líderes; é o perfil e o caráter de cada indivíduo que realmente definem a capacidade de liderar.

Empresas que priorizam a formação de líderes empáticos e bem-preparados colhem benefícios significativos. Ambientes saudáveis e leves contribuem diretamente para o aumento da produtividade e a retenção de talentos. Com a crescente escassez de mão de obra qualificada, organizações que negligenciam a saúde mental e emocional de seus colaboradores correm o risco de perder profissionais valiosos.

Segundo a revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, 50% das demissões decorrem da insatisfação com a liderança. Esse dado reflete a necessidade urgente de empresas tratarem as pessoas como seu ativo mais importante.

Assim, o Janeiro Branco não é apenas um convite à reflexão individual, mas também à ação coletiva. Governos, empresas e a sociedade civil precisam trabalhar juntos para criar condições que promovam a saúde mental. Isso inclui não apenas combater assédio e outras práticas prejudiciais, mas também investir em políticas de prevenção, treinamento de lideranças e criação de espaços para que as pessoas possam cuidar de sua saúde emocional.

Em um mundo cada vez mais complexo e desafiador, reconhecer a saúde mental como prioridade não é um luxo, mas uma necessidade. Campanhas como essa lembram que o bem-estar emocional não deve ser negligenciado. Além disso, que todos temos um papel a desempenhar na construção de uma sociedade mais saudável e equilibrada.

(*)Alessandra Lima é monlevadense, técnica em Segurança do Trabalho e bacharelanda em Direito