(*)Erivelton Braz

Com as urnas ainda distantes — afinal, 2028 está no horizonte, mas não no retrovisor — o momento agora é de focar na governabilidade. A eleição passou, o palanque foi desmontado, mas tem gente que ainda não entendeu isso. Agora, é hora do governo “Laércio III” administrar com responsabilidade, maturidade política e, sobretudo, com unidade.
Já se passaram 100 dias do novo governo e a gestão tem acertos a seu favor e projetos em andamento, como a vinda do IFMG, o Parque do Areão e o anúncio da aquisição de uma área para eventos, grande demanda da cidade.

Mas nem tudo são flores. Nos bastidores, a instabilidade política tem sido uma sombra incômoda. Grupos internos em constante tensão, disputas por espaços e vaidades que, se não forem aparadas, podem minar o avanço de ações importantes para os próximos anos da gestão municipal.
É aí que entra um nome que merece mais reconhecimento: o do ex-vice-prefeito Fabrício Lopes. Na campanha, enquanto muitos se ocuparam em marcar território, foi dele a postura discreta, mas firme, de articulação política e manter a união de grupos diversos.

Na época, Fabrício assumiu uma função muito difícil: costurar apoios, desarmar bombas e manter as pontes de pé. Hoje, mesmo como secretário de Planejamento, ele precisa ser mais acionado para conter crises e conflitos desnecessários. Sobretudo, com a Câmara, onde a base já viveu momentos de fragilidade, com vereadores até então da base, abrindo franca artilharia contra secretários e até mesmo, contra o prefeito, como ocorreu recentemente com Belmar Diniz (PT).

O governo Laércio precisa compreender que, sem harmonia com o Legislativo, a engrenagem trava. E que, internamente, não há mais espaço para rachas. O que se nota é que o governo ainda precisa muito da articulação de Fabrício Lopes na gestão.
Outro ponto importante é que o povo não elegeu grupos, e sim um governo. E governos precisam estar coesos para entregar resultados. Neste sentido, ele tem um aliado importante e de peso: o presidente do Legislativo, Fernando Linhares que já demonstrou ser parceiro da gestão em muitos momentos.

A quatro anos do próximo pleito, não é hora de discutir nomes, nem costurar alianças futuras. É hora de entregar. Hora de pôr a bola no chão e olhar o jogo, de cabeça erguida. Afinal, a gestão venceu e tem sido bem avaliada pela população. É hora de minimizar os ruídos externos, de buscar o equilíbrio, unindo forças. Se não pacificar os bastidores e investir no que realmente importa a todos os eleitos e secretários do governo, o barco afunda por problemas provocados pela própria tripulação. Dessa forma, em primeiro lugar, deve estar o compromisso de todos com a gestão pública de qualidade, sempre sensível às demandas reais da população.

O tempo da política é agora — mas não a política eleitoral. É a política da boa governança, do diálogo, do planejamento, da gestão e da busca por resultados. E, nesse ponto, talvez a experiência e a ponderação de figuras como Fabrício Lopes, Fernando Linhares, Cristiano Vasconcelos, Hugo Marques e da vice Dorinha Machado, devam ser mais ouvidas. Porque, se a vaidade prevalecer, o projeto que levou Laércio ao terceiro mandato, na maior votação da história da cidade, pode terminar bem antes de 2028.

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação