Em João Monlevade, a área cultural, tal qual a água, segue vital para todos. E, por ser também fluida em seu curso, contorna obstáculos para existir e resistir. Já escrevi neste espaço e volto a dizer: nunca Monlevade teve tantos eventos e ações formativas na área cultural. A cidade, no governo Laércio (PT), tornou-se plural e pulsante em manifestações culturais. Aqui, há espaço para todos os ritmos, cores, sabores e vozes, que vão da cavalgada ao samba, do gospel ao rock, do hip hop à MPB, chegando ao pré-Carnaval.
Dessa forma, é preciso valorizar e respeitar todas as festividades, atividades de fomento e formação. Sem distinção, merecem atenção e respeito. Nesse mosaico de expressões, Monlevade vem se destacando como uma das mais pulsantes da região. Para alegria de uns e descontentamento de outros, isso se deve ao trabalho e empenho da presidente da Fundação Casa de Cultura, Nadja Lírio, e sua equipe de bravos trabalhadores da cultura.
O Festival Baobá, no último fim de semana, se destaca não apenas como um evento cultural, mas como um verdadeiro manifesto de resistência, pertencimento e valorização da cultura negra na cidade. A Fábrica de Monlevade foi movida a braços, suor e sangue de negros. Mais tarde, a usina de Louis Ensch, em grande parte, também contou com trabalhadores negros. O negro tem papel fundamental na construção dessa heroica cidade, e a cultura afro e periférica merece ser vista, apreciada e respeitada.
Agora, a notícia de que a Câmara, por meio de seu presidente, Fernando Linhares (Podemos), e o governo Laércio se uniram para aumentarem o repasse para a realização da tradicional cavalgada é mais um passo acertado para a valorização da cultura na cidade.
Mesmo com cerca de 5% de extensão territorial rural, Monlevade tem um coração sertanejo e fortes raízes, que ama e se identifica com a festa realizada há décadas.
O que se espera é que, com a ampliação dos repasses, o evento tenha todos os dias de entrada franca, com bons e grandes artistas. Afinal, com mais recursos públicos, o público merece se divertir como nos outros eventos da cidade: de forma gratuita e acessível para todos.
É preciso destacar que a cultura em Monlevade não é feita só pelo poder público. Há muita ação realizada por grupos independentes, coletivos ou artistas solos. A cidade vai receber, na próxima semana, a primeira edição do Festival Literário de João Monlevade – Flimon, do Coletivo 7 Faces; tem a feira no Centro de Economia Popular e Solidária; tem o Diversão em Cena, da Fundação ArcelorMittal, que leva teatro para praças mensalmente; tem o Forró e a Seresta dos Aposentados; tem o Viva Monlevade, evento anual com inúmeras ações, e muito mais. Assim, é fundamental respeitar as várias faces da cultura monlevadense. Viva a pluralidade cultural da cidade. E que ela seja irrestrita para a cidade inteira.