O universo da música se despede de uma lenda: Quincy Jones, produtor, arranjador, maestro e uma das mentes mais criativas da indústria musical, morreu aos 91 anos. Segundo seu agente, Arnold Robinson, Jones “faleceu pacificamente” em sua residência em Bel Air, Los Angeles, na noite deste domingo (3).

Com uma carreira que redefiniu os limites da produção musical, Quincy Jones trabalhou ao lado dos maiores nomes da música mundial e foi um mentor para toda uma geração de artistas e produtores.

Em comunicado, a família expressou sua dor e também o orgulho pela trajetória única do músico: “Hoje à noite, com o coração cheio, mas partido, devemos compartilhar a notícia do falecimento de nosso pai e irmão Quincy Jones. Celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”.

O gênio por trás de “Thriller”

Responsável por alguns dos álbuns mais icônicos de todos os tempos, Quincy Jones é o cérebro por trás de “Thriller”, o álbum de 1982 de Michael Jackson que se tornou o disco mais vendido da história. A colaboração entre Jones e Jackson começou em 1979, quando ele produziu o primeiro disco solo na fase adulta do astro, “Off the Wall”. Com essa parceria, Quincy não apenas moldou o som de Jackson, mas também deu o pontapé inicial para um dos maiores fenômenos da música pop.

Michael Jackson e Quincy Jones criaram o álbum mais vendido da história — Foto: Getty

Parcerias Inesquecíveis

Antes de Michael, outro astro contou com a genialidade de Quincy: Frank Sinatra. Jones trabalhou no clássico “Fly Me to the Moon”, trazendo uma nova roupagem que se tornaria um marco no repertório do cantor.

Em 1985, Quincy fez história novamente ao reunir 46 estrelas da música na gravação de “We Are the World”, uma canção beneficente coescrita por ele para arrecadar fundos para a crise da fome na Etiópia.

Reza a lenda que, para evitar problemas no estúdio, Quincy pregou um papel na entrada com os dizeres: “Deixe seu ego na porta”. A faixa, que envolveu nomes como Michael Jackson, Stevie Wonder, Tina Turner, Ray Charles, Bruce Springsteen, Cyndi Lauper, entre outros, tornou-se o maior sucesso beneficente da história, vendendo mais de 20 milhões de cópias e arrecadando US$ 75 milhões.

Legado brasileiro

A paixão de Quincy pela música ultrapassava fronteiras. Fascinado pela música brasileira, o produtor trabalhou com grandes nomes do país, como Milton Nascimento, Ivan Lins e o percussionista Paulinho da Costa. A relação com Milton era de amizade sincera desde 1967, como o próprio músico brasileiro revelou em uma emocionante homenagem: “Quincy foi um grande admirador e disseminador da música brasileira pelo mundo. Descanse em paz, querido irmão”, disse Milton em uma publicação no Instagram.

Em 1987,o norte-americano foi creditado no álbum “Yauaretê” de Milton. A canção “Morro Velho”, uma das mais impactantes do cancioneiro do mineiro, foi gravada com supervisão do produtor.

Quincy Jones e Milton Nascimento juntos — Foto: Reprodução/Instagram

Quincy ganhou um Grammy por sua versão da música “Velas” de Ivan Lins e convidou a cantora Simone para participar de edições do Montreux Jazz Festival, consolidando o elo entre sua obra e a riqueza cultural do Brasil.

28 Grammys

Quincy Jones é detentor de uma impressionante coleção de 28 Grammys. Os prêmios foram acumulados ao longo de uma carreira com 80 indicações. Isso o torna um dos artistas mais premiados da história mundial de todos os tempos.