Os moradores das ruas Onofre Newton Ambrósio e José Teodoro Eusébio, no bairro Nova Esperança, não suportam mais os constantes problemas com a falta de eletricidade. Nesta semana, os residentes nas antigas ruas Três e Quatro procuraram o A Notícia para denunciar os transtornos vividos em decorrência das constantes quedas de energia.
Os moradores contam que o problema já se arrasta há mais de três anos, e ocorre mesmo em períodos de estiagem: “Acontecia de começar um fogaréu nos fios. Iluminava até dentro de casa”, disseram. Os incêndios cessaram, mas os apagões continuam. A vizinhança reclama que o fornecimento é interrompido praticamente toda semana, e precisa se mobilizar para ser atendida pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), pois não basta que um ou outro vizinho telefonem: “Já não estão nem transferindo para um atendente real”, afirmam.
No último dia 9, relatam, a eletricidade voltou a cair, sendo restituída depois de 48 horas. Nessa segunda-feira (21), o fornecimento elétrico acabou por volta das 2h30, sendo restabelecido apenas após as 23 horas. Quando a energia acaba, as duas ruas ficam às escuras, pois a iluminação pública também é interrompida: “Já aconteceu de a equipe vir aqui para restabelecer a luz, e menos de vinte minutos depois de eles irem embora, a luz acabou de novo”, disse uma moradora.
Prejuízos
Ítalo Costa trabalha vendendo açaí congelado, mas uma das interrupções no abastecimento elétrico o fez perder cerca de 50 litros do produto: “Prejuízo de cerca de R$700,00”. Uma outra moradora relata já haver perdido três quilos de carne. Dona Conceição Imaculada conta que sua lavadora de roupas teve defeito: “O técnico descobriu que o problema estava na placa, e me disse que ele pode ter ocorrido em virtude de queda de energia”. O dono de uma oficina mecânica ficou impedido de trabalhar pelo corte no fornecimento.
Dentre os residentes nas duas vias afetas, estão pessoas que precisam de cuidados redobrados, cuja qualidade de vida fica prejudicada com os apagões: “Nessa rua, moram um idoso que depende de oxigênio e uma mãe com uma criança especial, que fica com muito medo de dormir no escuro”.
Os moradores já iniciaram a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado, e planejam ir ao Procon para denunciar as constantes interrupções no abastecimento elétrico. Eles pedem que a Cemig providencie a solução definitiva para a vizinhança, acabando com os apagões: “Todos nós recebemos e pagamos nossas contas, e queremos receber a energia pela qual pagamos”.
Cemig responde
Procurada, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou ao A Notícia que o transformador que atendia às duas ruas apresentava defeito e foi trocado na quarta-feira (23). Segundo a estatal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece limites máximos que os clientes podem ficar sem fornecimento. “Quando essa marca é ultrapassada, os consumidores recebem um desconto, discriminado nas contas”, diz a companhia.
Em caso de prejuízos, diz a Cemig, os cidadãos podem solicitar que a concessionária ressarça os danos. Eles precisam acionar a concessionária pelo portal www.cemig.com.br, pelo telefone 116 ou numa agência de atendimento. Caso a queixa ocorra em até 90 dias após o defeito, deve-se informar número da instalação, telefone de contato, Carteira de Identidade e CPF, os dados do produto e da avaria. Problemas já resolvidos também podem gerar reembolso, apresentando dois orçamentos. Após o pedido, a companhia tem um prazo de 15 a 30 dias para responder ao pedido do cliente, e após a resposta, tem até 20 dias corridos para pagar o consumidor. O ressarcimento pode ser solicitado dentro de um prazo máximo de cinco anos após o prejuízo, mas serão exigidos mais documentos que os descritos acima.
Na Câmara
O assunto foi o tema principal das discussões dessa quarta-feira (23) na Câmara Municipal de João Monlevade. O vereador Bruno “Cabeção” (Avante) falou em acionar o Ministério Público para resolver o problema. “Dos últimos 30 dias, 10 se passaram sem luz para os vizinhos. Isso não é normal”, disse.
Thiago “Titó” (MDB) classificou a situação como “insustentável”. Ele também citou problemas elétricos nos bairros Santa Cruz e Alvorada. O presidente da Casa, Fernando Linhares (Podemos), afirmou que a cobrança também deve ser dirigida ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Marquinho Dornelas (Republicanos) mencionou a necessidade de chamar a Cemig e fazer o que estiver ao alcance para resolver a situação.