A quarta edição do Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira), que acontece entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro de 2024, de quarta-feira a domingo, tem como “Autores Homenageados” os escritores Jeferson Tenório e Miriam Leitão. O Flitabira movimenta a cidade natal do poeta Drummond com mais de 50 autores e diversos eventos temáticos.

Conforme Bianca Santana, uma das curadoras do evento, os dois são defensores da liberdade.  “A literatura de Míriam Leitão e a de Jeferson Tenório são, cada uma a seu modo, expressão do amor pela liberdade. No jornalismo e também na ficção, Miriam Leitão nos presenteia com personagens que nos conectam ao plano real, à Amazônia, aos extremos da escravização negra e do regime militar”, diz.

Ainda segundo Bianca, a obra de Jeferson Tenório amplia a capacidade dos leitores de sentirem o Brasil, ao narrar diferentes faces da experiência negra urbana. “Literatura, amor e ancestralidade, temas do Festival Literário Internacional de Itabira. Com livros premiados, mas também com suas presenças firmes na esfera pública, ambos têm enfrentado o autoritarismo e a violência.

Para celebrar a grandeza literária de suas obras, não precisamos fazer a ginástica de separar pessoa e escrita. Pelo contrário, suas histórias de vida encarnam a dignidade do que  escrevem. Sem obviedades rasas, com a complexidade questionadora fundamental tanto à arte como à democracia”.

Míriam Leitão vence Prêmio de Intelectual do Ano

Jornalista e escritora Miriam Leitão – Foto: Fernando Rabelo

A jornalista e escritora Míriam Leitão foi a vencedora do Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano de 2024, concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE). A entrega do prêmio será realizada no dia 2 de novembro de 2024, às 21h no palco do Flitabira, que em 2023 também foi o cenário de entrega da premiação. À ocasião, Ricardo Ramos Filho, presidente da UBE, que também estará presente neste ano,  condecorou a escritora Conceição Evaristo com a estatueta. A autora fará a entrega para Miriam Leitão durante a cerimônia no Flitabira.

O prêmio, que reconhece figuras de destaque na intelectualidade brasileira, reforça a importância do trabalho de Míriam que, em mais de cinquenta anos de profissão, recebeu diversos prêmios, entre eles o da Universidade Columbia de Nova York, da Abraji, da ANJ e do Instituto Vladimir Herzog.

Como escritora, Míriam ganhou o Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 2012 por “Saga Brasileira” (Record). Pela editora Intrínseca publicou “Tempos Extremos” (2014), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, “História do Futuro: o Horizonte do Brasil no Século XXI” (2015), “A verdade é Teimosa” (2017), a coletânea de crônicas “Refúgio no Sábado” (2018), com a qual foi finalista do Jabuti, “A democracia na Armadilha” (2021) e “Amazônia na Encruzilhada” (2023).

Pela Editora Rocco, publicou sete livros infantis e o oitavo está a caminho. A escolha para concorrer ao prêmio surgiu após a publicação do livro jornalístico “Amazônia na Encruzilhada: o Poder da Destruição e o Tempo das Possibilidades” (Intrínseca). A jornalista concorreu ao Juca Pato de Intelectual do ano juntamente com Eliane Potiguara, João Silvério Trevisan, Maria Valéria Rezende e Socorro Acioli, e a votação foi realizada por membros associados à UBE.

Jeferson Tenório prepara novo livro

Escritor Jeferson Tenório lança novo romance – Foto: Divulgação

O escritor Jeferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Radicado em Porto Alegre, é doutor em teoria literária pela PUC-RS. Estreou na literatura com o romance O beijo na parede (2013), eleito o Livro do Ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Teve textos adaptados para o teatro e contos traduzidos para o inglês e o espanhol. É autor de Estela sem Deus (2022) e O avesso da pele (2020), que venceu o prêmio Jabuti e teve os direitos vendidos para China, Canadá, Eslováquia, Espanha, Itália, México, Portugal, Reino Unido e Suécia.

O esritor, agora, prepara-se para lançar o livro “De Onde eles Vêm”. A publicação da editora Companhia das Letras tem o ambiente universitário como cenário e o sistema de cotas raciais como tema. Indo além, a obra é uma história sobre preconceito e luta, exclusão e sonho. “De Onde eles Vêm” tem como pano de fundo o ingresso dos primeiros cotistas na universidade brasileira.

Na história, que se passa em Porto Alegre, por volta dos anos 2000, acompanhamos o despertar racial do narrador, Joaquim, em meio a um ambiente hostil. Órfão, tendo que cuidar da avó doente, desempregado e sem dinheiro, Joaquim busca a todo custo manter seu amor pelos livros e pela literatura. Romance de formação de um leitor, este é o retrato de uma jornada feita de obstáculos num momento em que políticas para amenizar desigualdades eram vistas como problema, não como possibilidade de solução.
No Flitabira, Jeferson Tenório participa de uma roda de conversa com as escritoras Natalia Timerman e Lívia Sant’Anna Vaz, no dia 2 de novembro, sábado, às 19h. O encontro acontece realizado no teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), palco de todo o Festival.