O sistema eleitoral vigente no Brasil para eleições legislativas permite algumas situações intrigantes ao cidadão leigo. Nas eleições do último domingo (6), o candidato Sassá Misericórdia (Cidadania), o menos votado no pleito, elegeu-se com 488 votos. Todavia, outros oito postulantes tiveram mais votos, mas não conseguiram a sua cadeira na Câmara Municipal.
Eles são Gustavo Maciel (Republicanos), com 902 votos; Rael Alves (MDB), com 893 votos; Pastor Gil Dias (PL), com 689 votos; Stênio Carvalho (PP), 681 votos; Guilherme Leles (PL), com 614 votos; Gustavo Prandini (PCdoB), com 563 votos; Cabo Vieira “Carreiro” (PL), com 526 votos; e Pastor Lieberth (Podemos), com 522 votos.
Sistema proporcional
Isso acontece porque, nas eleições para vereadores e deputados, o Brasil usa o sistema proporcional em lista aberta. Esse sistema busca representar as diferentes correntes políticas na câmara de forma proporcional à quantidade de votos recebidos.
Ou seja, as vagas são distribuídas com base no número de votos que os candidatos e partidos conseguem obter. A quantidade de votos válidos num município é dividida pelo número de cadeiras em disputa, e esse resultado é chamado de quociente eleitoral.
Quociente eleitoral
No domingo, houve 42.724 votos válidos (descontando brancos e nulos) para vereador em João Monlevade, que possui 15 cadeiras na Câmara, resultando num quociente de 2.848 votos. Ou seja, cada partido precisava alcançar, no mínimo, esse montante de votos para eleger um vereador.
Como essa conta nunca é exata, são calculados também os restos dessa divisão e os votos de legenda (quando o eleitor não escolhe um candidato, mas vota apenas num partido). É uma matemática complicada, atualmente, feita pelos computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O sistema proporcional de lista aberta trabalha com a premissa de que, caso o candidato desejado pelo eleitor não conquiste a sua cadeira, ao menos seu companheiro de partido o fará.
É importante ressaltar que os candidatos que tiveram mais votos que Sassá Misericórdia, por exemplo, mas não se elegeram, pertencem a partidos (ou federações, no caso do PCdoB) que conquistaram ao menos uma cadeira no legislativo monlevadense.