Em 1920, o Rei Alberto I da Bélgica veio ao Brasil em visita oficial. A convite do Presidente de Minas, Arthur Bernardes, além de sua estadia na capital federal, o rei foi a Belo Horizonte. A visita à capital mineira não era gratuita: empenhado que estava na oposição ao projeto da Itabira Iron, Bernardes recebeu o monarca com todas as honras, tendo em mente a firme disposição de evidenciar o potencial siderúrgico do estado e sensibilizar o rei, para que ele convencesse investidores europeus a direcionarem também para Minas seus negócios.


De fato, pouco tempo depois da visita de Alberto I, o grupo belgo-luxemburguês ARBED enviou missão técnica a Minas Gerais, que constatou a possibilidade do grupo se associar a uma empresa brasileira já existente e a partir daí ampliar o negócio. Assim, em 11 de dezembro de 1921, a Companhia Siderúrgica Mineira realizou uma assembleia de acionistas para aumentar seu capital, que seria subscrito pela ARBED.
Com isso, a Companhia Siderúrgica Mineira passava a se denominar Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. No programa inicial da nova empresa, previa-se transformar Sabará em uma usina piloto, destinada a prospectar e experimentar a operação de uma grande usina no Brasil, treinando pessoal, possibilitando o melhor conhecimento das matérias-primas nacionais e de toda a logística operacional, abrindo caminho para aquele que já se delineava como o grande salto da Companhia – a construção, em Monlevade, de uma moderna usina siderúrgica, sem precedentes na história do país.

Fotos Divulgação

De Sabará a Monlevade

Antes mesmo da fundação da Belgo-Mineira, representantes da ARBED compraram a antiga propriedade de Jean Monlevade, em São José do Piracicaba, que pertencia ao Banco Ultramarino, credor da falida Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, que havia adquirido a propriedade dos herdeiros de Monlevade. A área incluía as ruínas da antiga fábrica de ferro e a região onde se encontrava a Mina do Andrade, rica em minério da melhor qualidade. A perspectiva era que brevemente se instalasse ali uma nova usina. Mas esse empreendimento foi adiado, de um lado pelos resultados não muito animadores da usina piloto e, de outro, pela demora na construção de um ramal ferroviário que garantiria o funcionamento da usina em Rio Piracicaba. Entre 1926 e 1927 a usina de Sabará chegou a ter as atividades paralisadas e a ARBED enviou ao Brasil o engenheiro luxemburguês Louis Ensch, com a missão de tentar contornar os problemas e apontar soluções possíveis. Cogitava-se até mesmo o encerramento dos negócios no Brasil, caso a situação se mostrasse de fato insustentável. Ainda no final do ano de 1927, o novo engenheiro-chefe da usina chegou a Sabará e logo concluiu que, com o aporte de novos equipamentos e melhoria da qualidade do produto final, o quadro poderia ser revertido.
Nos anos seguintes, a usina de Siderúrgica passou por um grande desenvolvimento, impulsionada também pelo incremento da indústria nacional, a partir dos anos 30. O presidente Getúlio Vargas tinha especial interesse pelo desenvolvimento industrial e, em 1931, reafirmou sua posição quando, em visita a Minas Gerais, se comprometeu a promover a ligação ferroviária entre a Estrada de Ferro Central do Brasil e a Vitória a Minas para viabilizar a usina na região da antiga fazenda de Monlevade. No dia 31 de agosto de 1935, uma mesma cerimônia comemorou a inauguração do ramal ferroviário de Santa Bárbara e o lançamento da pedra fundamental da nova usina. Nascia a Usina de Monlevade, hoje, ArcelorMittal.