A comunicação brasileira perdeu neste sábado (17) um de seus maiores nomes de todos os tempos. Faleceu o empresário e comunicador Sílvio Santos, aos 93 anos, após uma internação no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Ele deixa a esposa, Íris Abravanel, seis filhas, muitos admiradores e um império empresarial. Detalhes sobre funeral e sepultamento ainda devem ser divulgados.
O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), emissora de quem ele era fundador, dono e principal estrela, divulgou a seguinte nota:
Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria.
Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial e somos muito felizes pelo presente que Deus nos deu e por todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos. Aquele sorriso largo e voz tão familiar será para sempre lembrada com muita gratidão.
Descansa em Paz que vc sempre será eterno em nossos corações.
Biografia
Senor Abravanel, seu nome de bastismo, nasceu a 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, em uma familia de imigrantes judeus oriunda da Grécia e da Turquia. Aos 14 anos, começou a trabalhar como camelô, vendendo canetas e capas para títulos eleitorais. Seu talento para a comunicação foi notado, e ele ingressou na Rádio Guanabara. Ele chegou a voltar à vida de vendedor, mas seu talento artístico tornava-se mais evidente.
Aos 18 anos, prestou serviço militar como paraquedista. Na década de 1950, realizou a sonorização das barcas que realizavam o trajeto entre o Rio de Janeiro e Niterói. Naquela época, muda-se para São Paulo e conhece o apresentador Manoel de Nóbrega, e torna-se bastante conhecido por sua presença em circos e no rádio. Da amizade com Nóbrega, veio um negócio que o notabilizou: o carnê do Baú da Felicidade.
Um grande passo acontece em 1961, quando estréia na televisão, apresentando o programa “Vamos Brincar de Forca?” na então TV Paulista. Nos anos seguintes, conquistaria uma legião de admiradores pelo estilo simpático e animado de apresentar seus programas de auditório. Em 1966, o canal é adquirido pelo empresário Roberto Marinho, que o transforma na TV Globo de São Paulo. Sílvio Santos permaneceu, alugando o horário das tardes de domingo, mas o surgimento do “Padrão Globo de Qualidade” tornaria sua vida difícil na estação.
Em 1972, Sílvio Santos adquire 50% das ações da TV Record, que emitia apenas para São Paulo. Em 1976, após vencer uma licitação federal, inaugura a TVS Rio de Janeiro, no canal 11 da capital fluminense. Mas seu grande passo veio em 1980, quando o governo de João Figueiredo abriu duas concorrências para gerir os canais da recém-falida Rede Tupi.
Junto com Adolpho Bloch, Sílvio é um dos vencedores da licitação, criando, em 19 de agosto de 1981, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). Com programação bastante popular e a presença constante e carismática do apresentador, o canal tornou-se em poucas semanas o segundo mais assistido do Brasil, incomodando a líder Rede Globo. O “Programa Sílvio Santos” consolidou-se como referência na cultura popular, uma atração quase obrigatória nas tardes de domingo da família brasileira. Sílvio tentou concorrer à Presidência da República em 1989, mas teve a candidatura impugnada.
Em 1991, criou o título de capitalização Tele-Sena, um sucesso até os dias de hoje. Em 2006, nasceu a marca de cosméticos Jequiti, uma das mais vendidas do país. Mas o “Homem do Baú” sofreu dois sustos em agosto de 2001: primeiro, sua filha Patrícia foi seqüestrada por Fernando Dutra Pinto. Dias mais tarde, após escapar do cerco policial, o mesmo criminoso voltou à residência e fez o apresentador refém durante horas. A polícia conseguiu libertar a família sem ferimentos.
Desde a pandemia de Covid-19, Sílvio Santos afastou-se progressivamente da televisão e do comando de suas empresas, das quais era carinhosamente chamado de “patrão”. Ele já havia ficado internado no início deste mês, com quadro de Influenza A – H1N1.