A monlevadense Ingrid Freitas, de 19 anos, faz uma grave denúncia: a mãe dela, Eloísa Aparecida de Freitas, de 48 anos, moradora do bairro Nova Esperança, faleceu em virtude da falta de socorro, no último sábado (8) em João Monlevade. Ela conta que a mãe fez uma cirurgia bariátrica na semana passada, mas passou mal poucas horas após receber alta. Sem ambulância para buscá-la em casa e socorrê-la ao Hospital, Eloísa faleceu dentro de casa.
O caso ganhou as redes sociais e gerou comoção. Inclusive, da ativista na busca por políticas públicas em prol das pessoas com obesidade, Inara Silva. Ela gravou vídeos lamentando o óbito de Eloísa e criticou o descaso para com os pacientes que esperam por tratamento.
Conforme a filha Ingrid Freitas, Eloísa aguardava há cerca de 20 anos uma cirurgia bariátrica, que a livraria da obesidade mórbida, uma doença crônica e fatal, e das dores nas pernas. A monlevadense, segundo a filha, ainda sofria de fraqueza pulmonar, passando por sessões de fisioterapia e, ocasionalmente, tomava medicamentos quando a sua pressão arterial se elevava. Contudo, segundo a filha, a operação foi obtida somente através de um processo na Justiça, sendo realizada na última quinta-feira (6) no Hospital Margarida.

“Jogo de empurra”

Por volta das 21 horas de sábado, relata Ingrid, Eloísa começou a sentir-se pior, e a filha começou seu calvário para conseguir uma ambulância que transportasse sua mãe de volta ao hospital. Ela relata que telefonou primeiro ao Hospital Margarida, pedindo um veículo especial que transportasse sua mãe recém-operada. Conforme a filha, Eloísa não estava em condições de ser transportada num veículo de passeio, e precisava de ser manejada com cuidado em decorrência dos pontos da cirurgia.
No entanto, relata Ingrid, ela foi orientada a procurar a Polícia Militar, que respondeu que a jovem procurasse o Serviço Voluntário de Resgate (Sevor). Porém, a ligação não era completada. Ingrid conta que realizou mais de dez telefonemas em busca de ajuda, mas a ambulância chegou mais de três horas depois, quando dona Eloísa já estava sem vida.
A jovem não esconde sua indignação: “Minha mãe morreu dentro de casa, esperando uma ambulância vir buscá-la. Se a houvessem buscado mais cedo, ela não teria morrido”. Ingrid também questiona o fato de sua mãe haver recebido alta apenas dois dias após a operação: “Eu acho que, por ser uma cirurgia tão invasiva, não deveriam havê-la mandado para casa tão rápido”. Eloísa deixa dois filhos, de 12 e 19 anos; um neto, de 1 ano e 11 meses; e um companheiro, com quem vivia há 23 anos.

Hospital

Em nota, o Hospital Margarida informou que: “a paciente recebeu alta no sábado posterior à cirurgia bariátrica tendo em vista que seu quadro clínico era bom de acordo com avaliação médica. Por se tratar de uma cirurgia eletiva, a alta hospitalar está dentro da normalidade. Com relação às razões para alta e se a paciente obedeceu aos critérios previstos para esse tipo de cirurgia, isso compete ao médico responsável. Somente o profissional tem autonomia para tal. O transporte de pacientes em ambulâncias é feito pela Prefeitura Municipal por meio da Secretaria de Saúde”.
Como proceder
Conforme a secretária de Saúde, Raquel Drumond, em caso de emergência, entre 7h e 17h, o cidadão deve ligar para o serviço de transporte sanitário, no número 3859-5813. Após as 17h e nos sábados, domingos ou feriados, o cidadão deve acionar o Hospital Margarida, pelo telefone 3859-3144. O Hospital, por sua vez, diz que não conta com serviço de ambulância. Já Raquel, reforça a necessidade da implantação do Serviço Médico de Resgate (Samu) em Monlevade, que conta com equipes especializadas neste tipo de atendimento.