Criança está internada no Margarida e foi cadastrada no SUS Fácil para transferência
Um menino monlevadense é um triste exemplo dos problemas vividos pela saúde pública há décadas em Minas Gerais e no Brasil. Théo Adryan Rodrigues, de 2 anos, necessita de uma transferência para um hospital que realize uma cirurgia pediátrica. Conforme sua mãe, Raquel Rodrigues de Freitas, há quase uma semana, ele aguarda pela vaga para uma operação de desobstrução intestinal. A família não tem plano de saúde.
A mãe conta que o garoto se sentiu mal na segunda-feira (27). Eles procuraram atendimento médico, mas nenhuma anomalia foi encontrada. Na terça-feira (28), o garoto piorou e foi submetido a uma tomografia, que acusou a obstrução intestinal. Desde então, ele está internado no Hospital Margarida, em João Monlevade, em estado estável e recebendo cuidados paliativos da casa de saúde.
Conforme Raquel, no entanto, Théo precisa ser transferido a um hospital com estrutura para a sua cirurgia pediátrica, o que esbarra na falta de vagas. Ele foi inscrito no SUS Fácil, sistema que encaminha pacientes às instituições hospitalares adequadas, mas ainda não recebeu resposta positiva até o momento.
A história de Théo espalhou-se e comoveu a comunidade do Médio Piracicaba, que iniciou uma campanha nas redes sociais. A mobilização pede a transferência imediata do pequeno monlevadense, de modo que ele ganhe logo a cirurgia e volte à plena saúde.
Justiça
Além das tratativas via hospital, a pedido da família, o juiz Estêvão José Damazo concedeu uma liminar, dando 24 horas para que o menino fosse levado a um hospital que realizasse a intervenção cirúrgica. No entanto, o prazo já expirou, a vaga não apareceu e o garoto continua esperando pela operação, que ainda não tem data para ocorrer. A decisão obriga que, em caso de descumprimento, o governo estadual arque com uma equipe particular de cuidados, sob pena de multa diária de R$500,00.
Hospital
Questionado a respeito da situação da criança, o Hospital Margarida, por meio de sua assessoria de Comunicação, informou que o paciente está inserido no sistema SUS Fácil para a transferência. A casa de saúde reforça que a gestão de leitos para transferência é de responsabilidade do Estado de Minas Gerais, através da sua central de regulação.
Sobre a decisão judicial, o Hospital informa que a sentença determinou que o Estado disponibilizasse a transferência da criança. “Mas infelizmente, em muitas oportunidades, o Estado não tem cumprido essas decisões, principalmente, em razão da falta de vagas em hospitais especializados”, diz o Margarida.
Além disso, o Hospital Margarida afirma que está cumprindo todas as suas obrigações. “Contribuindo, na medida do possível, para que o paciente receba o tratamento adequado e que seja transferido o quanto antes para o hospital que atenda às suas necessidades”, diz a nota do hospital.
SUS Fácil
Ao contrário do que sugere o nome, às vezes é muito difícil conseguir transferência de pacientes por meio do sistema SUS Fácil. A espera por vaga em um leito no Estado pode demorar dias.
A ferramenta é um software desenvolvido pela Companhia de Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Prodemge) para agilizar o atendimento hospitalar público. Ela abrange serviços ambulatoriais de média e alta complexidade, bem como urgência, emergência e procedimentos eletivos
O programa integra 13 centrais de regulação regionais, quatro centrais municipais (Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba e Juiz de Fora), as 853 secretarias municipais de saúde e 1.470 estabelecimentos de saúde. Atualmente conta com 114,5 mil usuários ativos.