Representantes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) estiveram nessa quarta-feira (11) na Câmara Municipal monlevadense para se manifestarem em defesa da unidade de ensino superior em João Monlevade. A manifestação ocorre em meio à tramitação do Projeto de Lei 3.738/2024, de autoria do Governo de Minas, que trata da federalização da Uemg.

A diretora da instituição no município, professora Júnia Alexandrino, criticou os projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa, que trazem radicais mudanças para a instituição. A proposta é do governador Romeu Zema (Novo) para amortizar dívidas do estado com o Governo Federal por meio do Propag.

Segundo Júnia, o projeto, da forma como está, não deve ser aceito, pois representa riscos à autonomia, ao funcionamento e à valorização da universidade. “O que a gente precisa dessa casa é que seja feito um documento assinado pelos vereadores, assim como aconteceu em outras cidades, para que chegue à Assembleia Legislativa e tire a nossa unidade do projeto de lei 3738”, afirmou a diretora.

Júnia Alexandrino questionou a serventia da mudança de donos, pois a Uemg pagaria apenas 0,31% da dívida de Minas Gerais frente a União. Ela mencionou que o prédio do bairro Santa Bárbara, usado pela Uemg desde 2020, está listado pelo estado como pertencendo à extinta Escola Estadual Vicente de Paula Neves, portanto em desuso, o que não é verdade. Júnia ressaltou não ser contra o Propag, mas que é favorável aos investimentos para estruturação e melhorias na casa de estudos.

Hoje, a Uemg João Monlevade conta com os cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental, Engenharia de Minas, Engenharia Civil e Engenharia Metalúrgica. A diretora ressaltou que a unidade conta com projetos de ensino, pesquisa e extensão (iniciativas que levam o conhecimento acadêmico à comunidade em geral).

Em 18 anos de existência, a Uemg monlevadense formou 1.750 estudantes, e hoje, o corpo discente é formado por alunos de João Monlevade e municípios do Médio Piracicaba. São 680 estuantes matriculados, além de 80 professores, 19 técnicos-administrativos e 14 terceirizados.

Representando o corpo docente, o professor Robson Pereira de Lima, da Associação dos Docentes da Uemg (Aduemg), também se pronunciou. Ele agradeceu à Câmara pelo acolhimento e alertou para a gravidade da situação. “O Projeto de Lei 373 autoriza o governo a vender ou transferir para a União bens do Estado, inclusive da Uemg, para pagar dívidas. Já o 3738 propõe a extinção da universidade. Não há garantias para professores, técnicos e estudantes. A Constituição de 1988 não prevê esse tipo de federalização”, explicou.

Robson destacou ainda o papel de líderes políticos locais, como Mauri Torres e do deputado estadual Tito Torres, no fortalecimento da Uemg. “É notória a importância da Uemg. Ela garante ensino gratuito e de qualidade a todos os segmentos da sociedade. Esse mesmo movimento está ocorrendo em todas as cidades onde há unidades da universidade. Pedimos o apoio dessa casa para impedir o avanço desses projetos”, concluiu.

Discursos

O presidente da Casa, Fernando Linhares (Podemos), engrossou o coro em apoio à Uemg e repudiou ações do governo que prejudiquem a cidade e a universidade. “Nós repudiamos veementemente qualquer tipo de ação praticada pelo governo do estado que venha a trazer prejuízo à cidade de João Monlevade. A Uemg foi uma conquista histórica trazida por Mauri Torres, e precisamos lutar para manter esse direito adquirido. Podem contar de forma indistinta e de forma unânime com o apoio desta Câmara Municipal”, declarou Fernando.

Nas redes sociais, o vereador Belmar Diniz (PT) também repercutiu o apelo, afirmando que o governo de Romeu Zema quer usar a Uemg como uma “moeda de troca”. Um abaixo-assinado em apoio à instituição de ensino foi passado entre os vereadores e presentes.