Como os museus podem atuar como espaços de escuta, pertencimento e transformação social em tempos de intensas mudanças? Essa é uma das perguntas que irão nortear a Roda de Conversa: Arte, Memória e Educação nas Comunidades, promovida pelo Memorial Minas Gerais Vale no dia 16 de maio, sexta-feira, às 13h30, em São Gonçalo do Rio Abaixo. O encontro faz parte da programação da 23ª Semana Nacional de Museus e integra o projeto Contemporâneo do Memorial Vale. A entrada é gratuita, com acessibilidade em Libras, e o evento será realizado no auditório da Escola Municipal Ioleide Aparecida Pessoa Araújo.

A proposta da roda é discutir, de maneira crítica e colaborativa, como museus e instituições culturais podem ser aliados na preservação da memória e na valorização dos saberes locais, especialmente em contextos de transformação urbana e social. A atividade busca fortalecer a escuta ativa nas comunidades e refletir sobre a educação como ferramenta de resistência, identidade e futuro, e vai contar com a participação do artista e professor Marcel Diogo e do Padre Mauro Luiz da Silva, diretor e idealizador do Muquifu – Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos de Belo Horizonte.

 

Foto: Liliane Augusta Moreira

A Roda de Conversa: Arte, Memória e Educação nas Comunidades é um convite para pensar os museus não como lugares do passado, mas como espaços dinâmicos, inclusivos e conectados ao presente e ao futuro das comunidades que os cercam. A mediação será feita Liliane Augusta Moreira, educadora bilíngue do Memorial, mestre em Patrimônio Sustentável pela UFMG e uma das curadoras da exposição “Oriará – Arte Educação em Movimento”.

 

 

Foto: Marcel Diogo

Marcel Diogo é artista visual, professor e curador independente. Mestre pela Escola de Belas Artes da UFMG, sua produção abrange pintura, performance, vídeo e objetos, sempre em diálogo com os desafios das ferramentas coloniais presentes na sociedade brasileira. Participou de exposições relevantes, como “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira” (ProjetoAfro/CCBB), “Direito à Forma” e “Quarto Ato” (Inhotim), entre outras. Também desenvolve projetos curatoriais que abordam temas como violência policial e relações entre Brasil e África.

 

 

Foto: Ana Maria Miranda

Já o Padre Mauro Luiz da Silva é doutor e Mestre em Ciências Sociais, com formações também em Filosofia, Teologia, História e Patrimônio Cultural. É capelão dos Reinados Negros e da Igreja das Santas Pretas, na Arquidiocese de Belo Horizonte, e dirige o Muquifu, museu comunitário voltado para a memória das favelas urbanas e das tradições afrodescendentes. Também coordena o centro de documentação NegriCidade e participa de iniciativas nacionais de preservação e reparação do patrimônio negro brasileiro.

Museus como agentes de transformação

Com o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”, a 23ª Semana Nacional de Museus convida instituições culturais de todo o país a refletirem sobre o papel dos museus em um mundo em constante mudança. A edição deste ano foca em três eixos fundamentais: Patrimônio Imaterial, Juventude e Novas Tecnologias.

Ao documentar e valorizar saberes tradicionais, os museus se tornam espaços vivos de identidade coletiva. Por meio da educação e da participação ativa da juventude, essas instituições podem se reinventar como centros de experimentação, diálogo intergeracional e desenvolvimento social. Além disso, o uso de tecnologias digitais amplia o acesso, promove sustentabilidade e conecta diferentes públicos à diversidade cultural brasileira.

Memorial Vale Itinerante

Enquanto o edifício-sede do Memorial Vale passa por um processo de renovação e revitalização, o Museu continua com sua programação através do projeto Memorial Vale Itinerante. “Estamos levando a essência do Memorial para outros espaços, garantindo que o público continue a ter acesso às atividades culturais gratuitas e relevantes, enquanto são realizadas as intervenções de requalificação, como a criação de novas estruturas de acessibilidade e áreas para atender a multipúblicos, com o objetivo de valorizar ainda mais o prédio que abrigou a antiga Secretaria de Estado da Fazenda.

O Memorial Vale Itinerante conta com diversas iniciativas. Entre elas, a mostra “Oriará” que está percorrendo o estado levando obras de artistas negros e indígenas e neste momento se encontra em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), e o Quintal do Memorial que leva à Praça da Liberdade uma série de atividades culturais e educativas.

Memorial Minas Gerais Vale

Um dos espaços culturais que integram o Instituto Cultural Vale, o Memorial Vale faz parte do complexo cultural Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. De 2010, ano de sua inauguração, até julho de 2024, o espaço recebeu mais de 1,5 milhão de pessoas. São mais de 3 mil eventos realizados, 106 exposições, quase 9 mil escolas e grupos atendidos e cerca de 240 mil pessoas recebidas em visitas mediadas.

Atualmente, o edifício-sede que abriga o espaço passa por obras de renovação para adotar uma nova estratégia de ocupação museográfica e infraestrutural. Criada a muitas mãos, a nova expografia permanente tem a curadoria de Isa Ferraz e Marcelo Macca e fará uma mistura inédita de obras de arte, objetos históricos e peças audiovisuais criadas especialmente para o Museu, propondo um diálogo entre o ontem, o hoje e o amanhã no qual o visitante é o protagonista.