Tomar uma condução em João Monlevade tem sido um desafio há anos. Não raro, o passageiro espera muito para viajar em veículos lotados. O sofrimento estende-se, sobretudo, nos itinerários da região central aos bairros, principalmente, os mais distantes e isolados.
O tema foi debatido na reunião dessa quarta-feira (19) da Câmara Municipal de João Monlevade. Sassá Misericórdia (Cidadania) mencionou o número insuficiente de viagens, principalmente, nos horários de pico. Alysson Barcelos (Avante) citou a quantidade de reclamações sobre os ônibus lotados, vindas de diferentes regiões da cidade. Segundo ele, os motoristas chegam a não parar, tão abarrotados estão os coletivos.

Nova Esperança

Estudantes no bairro Nova Esperança que precisam chegar à Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas para as aulas da manhã já começam o dia enfrentando os ônibus lotados. Segundo os relatos das mães e das crianças ao A Notícia, os carros passam nos pontos sem parar.
Desde a transferência dos alunos com 12 anos ou mais para o transporte regular, o deslocamento dos estudantes do bairro à Escola Municipal Cônego José Higino de Freitas é realizado majoritariamente pela linha 40 (Planalto – Belmonte). Segundo o relato das mães, agora há duas viagens para a ida, pois havia apenas uma. Mesmo assim, os horários em que os coletivos passam são inconstantes. Na semana passada, relata uma mãe, sua filha voltou para casa a pé depois da escola, por não haver condução disponível.

Reforço

Procurada, a Prefeitura de João Monlevade informou que a linha 40 ganhou reforço desde a semana passada, e que adequações são comuns em todo início de ano letivo. Devido à transferência dos estudantes para as linhas convencionais, informa a administração municipal, “as viagens acrescidas foram implementadas de acordo com as demandas que surgiram. Algumas linhas tiveram maiores intervenções e outras em menor proporção”. Segundo o Executivo, a comunidade pode solicitar acréscimos no itinerário à Enscon ou ao Serviço de Trânsito e Transportes (Settran), que analisarão a viabilidade desses pedidos.

João Monlevade a Rio Piracicaba: Caso de polícia

Por volta das 17h de segunda-feira (17), a Polícia Militar recebeu um chamado à parada à porta da ArcelorMittal. Ali, passageiros se queixavam que o veículo da linha 3206 (Rio Piracicaba – João Monlevade) já chegou completamente abarrotado, e mais pessoas não poderiam embarcar. Indignados, alguns passageiros diziam que, enquanto outro coletivo não chegasse para o transbordo do excedente, aquele não seguiria. Segundo relataram à polícia, a sobrelotação é constante nas viagens da manhã e da tarde.
Os policiais conseguiram acalmar os ânimos, e entraram em contato com a Enscon, dona da empresa responsável pelo transporte, para solicitar um segundo coletivo. O pedido foi atendido, e a concessionária comprometeu-se a reforçar o quadro de viagens.
O prefeito de Rio Piracicaba, Augusto Henrique (Cidadania), informou haver entrado em contato com a prestadora para viabilizar os horários adicionais. Em comunicado, a Lopes & Filhos anunciou a criação de duas novas viagens a partir de terça-feira (18). Uma será às 5h45, de Rio Piracicaba a João Monlevade, e outra às 17h05, no sentido oposto.

Furto e transtorno

Na madrugada da quinta-feira da semana passada, dia 13, conforme a Polícia Militar, marginais invadiram a garagem da Enscon, no bairro Sion, e furtaram 24 módulos de 19 ônibus, além de danificar o circuito de outros dois. Quatro veículos do transporte regular foram prejudicados, mas o pior impacto foi para os escolares. Na quinta e na sexta (14), apenas operaram as “rotas” 19, 30 e 40 e os coletivos para a Escola Municipal Efigênio Mota (Emem) e a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
Na segunda, voltaram à ativas as linhas escolares 2, 12, 20, 21, 25, 29, 33 e 40A, e na terça-feira (18), as rotas 18, 22, 26 e 34. As demais somente foram restabelecidas ontem (20). Enquanto o transporte escolar não retornava, choviam reclamações de famílias que tinham sua rotina alterada, pois as aulas se mantinham como de costume.
Esse tema também repercutiu na Câmara Municipal. Revetrie Teixeira (MDB) chamou à Prefeitura a responsabilidade de fiscalizar o transporte escolar, pois a Enscon é apenas a prestadora do serviço. Líder do governo no Legislativo, Belmar Diniz (PT) afirmou que a administração pressionou ao longo de toda a semana pelo pleno restabelecimento das rotas escolares. Bruno Cabeção (Avante) lembrou que o transporte de estudantes é “um dos mais importantes programas sociais”, mas que custa muito caro se analisada a qualidade do serviço. Sidney Bernabé (PL) e Alysson Barcelos chamaram a atenção para a necessidade de aumentar a segurança da Enscon.

A posição da concessionária

Questionado a respeito dos problemas nos coletivos, desde o ano passado, o diretor da concessionária, Eduardo Lara, citou, no fim do ano, a escassez de vias principais. “A cidade tem poucas opções de acessos viários que comportam um ônibus. Na região central, apenas a avenida Wilson Alvarenga. Na região do Novo Cruzeiro, a avenida Nova York é o melhor exemplo da restrição viária em nossa cidade”.
Lara também falou da falta de organização para a mobilidade: “Outro ponto importante é o desrespeito às regras do trânsito, principalmente, o estacionamento proibido. Eduardo Lara admitiu os desafios de melhorar o serviço, e apontou que é preciso “fazer um projeto amplo de mobilidade e uma fiscalização forte, mas nossa cidade cresceu e a frota também. Precisamos evoluir nesse sentido”, disse.