Uma agência de viagens em João Monlevade, a Alfa Turismo, é alvo de, ao menos, dois boletins de ocorrência registrados por clientes lesados. As vítimas também procuraram o A Notícia para relatar suas más experiências com a empresa sediada no bairro Carneirinhos. Duas pessoas relataram à reportagem que, mesmo após pagarem por viagens ao Nordeste brasileiro, descobriram que suas reservas simplesmente não existiam.
Um dos clientes, que não quis se identificar, relatou à Polícia Militar que, no dia 3 de maio deste ano, adquiriu um pacote all inclusive para ele e a esposa passarem sete dias em Aracaju, comemorando 20 anos de casados. A viagem seria no dia 5 de setembro. Ele conta que optou pela Alfa Turismo por conta de uma indicação de seu chefe, e negociou o pacote. Foram acertados 12 pagamentos de R$635,05 através do cartão de crédito, dos quais cinco já foram efetuados.
Segundo o relatado no boletim de ocorrência, a proprietária da Alfa Turismo, Ketuli de Oliveira, esteve presente em todos os contatos, mostrando-se atenciosa e oferecendo serviços, como o seguro-viagem, que seria ofertado pela agência. Após a aquisição do pacote, Ketuli informou que tudo estava conforme o programado, e que haveria até brindes disponíveis na loja para eles. No dia 3 de setembro, a dona da Alfa Turismo afirmou que, mesmo com o imprevisto do falecimento de sua tia, emitiria os vouchers, pois tudo estava certo. O voo partiria às 8h do dia 5, do aeroporto de Belo Horizonte.
O cliente e sua esposa seguiram para um hotel na capital mineira. No dia marcado para a viagem, prossegue o relato presente no boletim de ocorrência, Ketuli informou que as reservas do hotel em Aracaju estavam feitas, mas que tivera um problema com as passagens aéreas. Segundo ela, a emissão de dois bilhetes de última hora custaria mais R$7 mil, o que o comprador se recusou a fazer, pois já havia pagado pelo transporte. Ele ainda entrou em contato com o resort em que se hospedaria, que informou não haver nenhuma reserva em seu nome ou em nome da Alfa Turismo.
A vítima ainda tentou contato com Ketuli de Oliveira para que resolvesse a situação, e ela repassou o contato de seu advogado. Este, por sua vez, afirmou que pediu alguns documentos à dona da Alfa Turismo, mas como ela não os repassou, não a representaria mais. Na queixa prestada a Polícia Militar, o cliente contou que teve custos com deslocamentos, estadia e alimentação em Belo Horizonte, além do desgaste emocional resultante da comemoração frustrada do aniversário de matrimônio.
Outra vítima
Camila Bastos também procurou a Polícia para relatar que, no dia 23 de maio deste ano, comprou um pacote na Alfa Turismo para visitar a Costa do Sauípe, no litoral baiano, no valor de R$5.730,00. Pela viagem, agendada para o dia 14 de agosto, ela pagou R$1,8 mil no cartão de crédito e R$3.930,00 em dinheiro.
Todavia, ela solicitou por vários dias os vouchers e os bilhetes aéreos, além de outras informações, mas não obteve resposta. Então, prossegue o relato à polícia, ela entrou em contato com o resort, que informou não haver nenhuma reserva para ela, seus pais e sua filha.
Ao A Notícia, Camila relata que a proprietária da Alfa Turismo não compareceu à audiência marcada para resolver o problema. Ainda em agosto, Ketuli alegou ser vítima de “fake news” e prometeu que daria uma solução a Camila, o que ainda não ocorreu.
O A Notícia entrou em contato com o telefone presente na placa da Alfa Turismo, mas ninguém atendeu. Os perfis da agência nas redes sociais também foram deletados e a empresa estava fechada na última quarta-feira.
Procurada a Alfa Turismo disse, por meio de sua advogada Arlete Costa Barbosa, que “é uma empresa idônea e que preza pelo atendimento de excelência com seus clientes e colaboradores, por todo o período de sua existência”. Além, disso, ressaltou que “tudo será esclarecido em juízo”.